29 de jan. de 2010

Portos do Paraná aumentam participação nas exportações brasileiras em 2009

Participação no saldo comercial do Brasil

Com uma representatividade relativa cada vez maior no comércio exterior brasileiro, os portos de Paranaguá e Antonina aumentaram sua participação na receita cambial das exportações brasileiras de 7,1%, em 2008, para 8,2%, no ano passado, segundo dados divulgados pela Receita Federal de Paranaguá. A receita gerada com os embarques, em 2009, foi de US$ 12.473.374.509,00. O saldo da balança comercial dos portos do Paraná foi de US$ 6,2 bilhões, o que representou um crescimento de 46,4% em relação ao resultado de 2008.

A participação dos portos de Paranaguá e Antonina no saldo da balança comercial brasileira aumentou de 17,3% para 24,9%, em 2009. Foi o melhor desempenho entre os principais portos do País e correspondeu a praticamente metade do saldo do Porto de Santos, que recuou 5,2%. A queda do saldo comercial do Porto de Vitória foi ainda maior: -21%, o que fez reduzir sua participação no saldo da balança comercial brasileira de 38,59%, em 2008, para 29,87%, no ano passado.

Na corrente de comércio brasileira (soma das exportações e importações), os complexos paranaenses aumentaram sua participação de 6,4% para 6,7%, com o resultado de mais de US$ 18,6 bilhões. “O crescimento de 0,3% pode parecer pequeno, mas quando se trata de bilhões de dólares é um percentual bastante significativo”, observou o assistente da Alfândega do Porto de Paranaguá, auditor-fiscal Fernando Sottomaior.

Portos brasileiros ante a crise mundial
As exportações brasileiras sofreram o impacto da crise mundial, registrando um recuo de 22,8% na receita cambial, em 2009, na comparação com o ano anterior. Os portos do Paraná registraram uma das menores quedas entre os principais complexos do País: -11,2%. Em Santos, os embarques tiveram uma retração de 18,4% e, em Vitória, de 29,9%. A maior queda foi observada nos portos do Rio de Janeiro (-34,6%) e de Itajaí (-33,7%).

“A crise, aliada à queda do dólar, reduziu as exportações. Essas foram as principais razões da retração nas vendas externas. Os negócios com a China e o redirecionamento de cargas de outros portos para Paranaguá reduziram os efeitos negativos da crise aqui”, avaliou Sottomaior.


Mix de produtos mais diversificado
Para o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, o fato de os portos do Paraná terem sentido menos os efeitos da crise mundial tem outra explicação. “Os investimentos realizados, desde o início da gestão do governador Roberto Requião, deram uma nova configuração aos portos paranaenses. Paranaguá se transformou em um complexo multicargas, o que evita que as oscilações nos negócios pertinentes ao comércio internacional – motivadas por quebras de produção e retração de consumo, entre outros fatores – tenham impacto maior na movimentação geral do porto”, acrescentou.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Welber Barral, concorda que os estados devem diversificar sua pauta de exportações e ampliar sua participação no comércio internacional para não ficarem reféns das oscilações do mercado. “O Paraná é o quinto maior exportador brasileiro, é um estado extremamente importante. O Paraná aumentou muito suas exportações para a Ásia, justamente, por essa questão de aumento da demanda de alimentos. Nosso desafio, no que se refere especificamente ao Paraná, é diversificar, aproveitar nichos, como é o caso do nicho moveleiro, para tentar chegar a novos mercados. Por isso, estamos aumentando o número de missões comerciais em 2010”, antecipou.


Mercados parceiros
A China foi o principal destino das cargas exportadas pelo Porto de Paranaguá, com 11,8% de participação. Em valores, as exportações para o mercado chinês somaram US$ 1,47 bilhão. A Alemanha teve a segunda maior participação (7%) com US$ 869,6 milhões.

De acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), os mercados de Bangladesh, Índia e Irã, apesar de terem participações menores entre os principais destinos das exportações feitas por Paranaguá, responderam pelas maiores altas nos valores negociados com o Brasil.
Em 2008, Bangladesh havia importado, via Porto de Paranaguá, US$ 67,1 milhões. No ano passado, esse valor subiu para US$ 225,7 milhões: alta de 236%. A Índia aumentou sua participação entre os principais destinos de 1,1%, em 2008, para 3,8%, em 2009. Em valores, o crescimento foi de US$ 154 milhões para US$ 478,1 milhões ou o equivalente a 210%.

Segundo maior produtor mundial de cana, a Índia se viu obrigada a importar açúcar, em 2009, por causa da quebra de safra naquele País. O mercado indiano foi o destino da maior parte do açúcar exportado pelo Porto de Paranaguá: mais de 1 milhão de toneladas ou US$ 330,8 milhões. Bangladesh foi o terceiro maior comprador do açúcar exportado por Paranaguá: 534,5 mil de toneladas ou US$ 225,6 milhões.

Já as exportações para o Irã pelo Porto de Paranaguá cresceram 107%: de US$ 160,8 milhões para US$ 333,6 milhões, na comparação 2008/2009, aumentando a participação do país de 1,1% para 2,7% entre os principais destinos das cargas que saem do complexo paranaense. O principal produto exportado para o mercado iraniano foi farelo de soja: 361 mil de toneladas ou US$ 130,4 milhões.


Produtos líderes nas exportações
Os produtos congelados foram os que mais contribuíram com a receita cambial das exportações pelos portos do Paraná, com 23,4% de participação. Os embarques das mais de 1,7 milhão de toneladas de carnes e outros derivados somaram mais US$ 2,92 bilhões.

A soja foi o segundo produto de maior peso na balança comercial dos portos paranaenses, com 15,4% de participação. As exportações do grão – 4,81 milhões de toneladas - geraram US$ 1,91 bilhão. O farelo de soja também teve participação expressiva na receita: 13,3%. Foram negociados com o mercado externo mais de 4,77 milhões de toneladas ou o equivalente a US$ 1,66 bilhão.

As exportações de açúcar, que tiveram um dos melhores desempenhos em volume no Porto de Paranaguá, em 2009, aumentaram de 6% para 10% a participação na receita cambial. Em valores, os embarques dos mais de 3,8 milhões de toneladas do produto (granel e ensacado) somaram US$ 1,25 bilhão.


Cenário futuro de produtos na exportação
Para o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, além de diversificar a pauta de exportações, o Brasil precisa trabalhar em outras três questões para fortalecer sua participação no comércio internacional. Uma delas é o problema tributário sobre produtos industrializados e de maior valor agregado. “Em alguns países da União Européia e na China, você tem chamada escalada tarifária, ou seja, se você quer exportar óleo de soja para lá o imposto de importação lá é mais caro para o óleo do que para a soja.


Além disso, o Brasil tributa mais o óleo do que a soja, e aí você gera um incentivo à exportação da soja em grão”, exemplificou. O Porto de Paranaguá é o maior exportador de óleo de soja do País. Mesmo em um ano de baixa nas vendas externas do produto industrializado, como foi 2009, 806,7 mil toneladas foram embarcadas no complexo portuário paranaense: quase metade das 1,7 milhão de toneladas exportadas pelo Brasil.

Outro ponto importante, destacou Barral, é a diversificação de rotas para abranger mercados emergentes como é o caso da África do Sul. A terceira questão são os investimentos em logística. “Nós temos um problema no Brasil de grande concentração (de cargas) em Santos em detrimento de outras regiões do Brasil. Não é o caso do Paraná que tem o Porto de Paranaguá. O Brasil, nós temos que lembrar, ficou muito tempo sem investir em logística. Então, nós temos que ter todo o esforço de investimento em logística com a construção de novos portos, principalmente, no norte e nordeste, e expansão dos portos existentes que são competitivos como é o Porto de Paranaguá”, defendeu o secretário.

Ainda de acordo com Barral, para este ano, a expectativa é de que as exportações brasileiras cresçam 10%. “Nós prevemos uma recuperação na maioria das economias mundiais, nas principais, pelo menos. Deve haver um crescimento ou recuperação de parcela do comércio internacional que caiu quase 25%, em 2009. Nós queremos, justamente, retomar alguns setores que caíram muito no ano passado, principalmente como é o caso de aviões e do setor automotivo. São produtos industrializados muito importantes, que tiveram uma queda muito grande”, adiantou.

Tópicos para alcançar a liderança portuária no Brasil
Para o superintendente da APPA Daniel Lúcio de Souza, alguns tópicos são fundamentais para o crescimento dos portos paranaenses em 2010 para o futuro:
• Dragagem dos berços de atracação
• Remodelação do cais para permitir o aprofundamento dos berços para 14,5 metros, tal como os portos “concentradores de carga”
• Aprofundamento dos canais de acesso
• Sistemas eletrônicos de gerenciamento e controle de tráfego marítimo (VTMS)
• Aumento do comprimento de navios permitidos a escalar Paranaguá (o atual é 285 metros)
• Inicio da operação da draga própria, já contratada e em fase de entrega pelo vendedor

Como diz o superintendente, “São múltiplos os requisitos para uma performance ótima de um porto, mas os projetos citados são fundamentais e prioritários.”