23 de ago. de 2009

Terminal de Paranaguá recebe prêmio nacional de transporte e logística

Title: Container terminal (TCP) of Paranaguá port takes national logistics prize.
A partir de 2003, uma série de mudanças na logística dos portos do Paraná (Paranaguá e Antonina), mudaram a realidades destes portos no cenário portuário nacional.
Exemplos:
  • De 5º lugar, os portos do Paraná ocupam em 2009 o 2º lugar entre os portos públicos brasileiros na movimentação de contêineres;
  • A partir de 2009, liderança em operações com contêineres reefers (carnes congeladas);
  • Participação em mais de 40% nas exportações brasileiras de carnes congeladas/refrigeradas, com a adoção do "Corredor de Congelados", idealizado pelo ex-superintendente Eduardo Requião em 2007;
  • Adoção a partir de 2007, das "Janelas Públicas de Atracação", otimizando as operações de contêineres.

Vista aérea do porto de Paranaguá, com o TCP em primeiro plano.
Somando-se a competência gerencial do terminal situado no Porto Organizado de Paranaguá, em parceria com a Administração do porto (APPA), o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) mostrou ao mercado e aos experts em logística nacional exuberantes resultados e qualidade de seus serviços. Como resultado, foi eleito a melhor empresa do setor de Transporte e Logística do Brasil e recebeu na noite de 20 de agosto de 2009, o Prêmio “Valor 1000”, entregue pelo jornal Valor Econômico, de São Paulo.
Ao todo, empresas de 25 setores da economia serão premiadas por seus desempenhos econômicos, baseados em índices como eficiência, faturamento, investimentos e rentabilidade.
O ranking das empresas premiadas é publicado no anuário “Valor 1000” e é resultado de um estudo promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Serasa.“É um prêmio que a empresa recebe e divide com toda a comunidade portuária de Paranaguá, que contribuiu decisivamente para que pudéssemos atingir essa excelência. O prêmio mostra ao Brasil que Paranaguá é uma solução logística extraordinária e competitiva em relação ao custo e tempo das operações. Esse prêmio nos dá muito orgulho e, ao mesmo tempo, requer muita responsabilidade, porque teremos que ser amanhã melhor do que somos hoje e seremos com a ajuda de toda a comunidade portuária”, declarou o diretor-superintendente do TCP, Juarez Moraes e Silva.

TCP: liderança em containers reefers entre os portos do Brasil.

Para o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, o desempenho do TCP eleva o terminal portuário paranaense ao reconhecimento nacional. “Esse prêmio é uma vitória que orgulha toda a comunidade portuária. Atualmente, enquanto a média nacional na movimentação de contêineres sofreu queda de 15%, o TCP teve um aumento de 4% na sua movimentação em relação a 2008. O terminal alcançou uma liderança no embarque de cargas congeladas e hoje detemos 40% das exportações deste segmento no Brasil”.

Em nove edições, o prêmio “Valor 1000” já homenageou, na categoria “Transporte e Logística”, empresas como TAM, Embraer, Gol, Aliança Navegação e América Latina Logística (ALL).

A cerimônia de entrega do prêmio contou com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O TCP, instalado na área leste do cais comercial do Porto de Paranaguá, o TCP atua há 11 anos no segmento de cargas conteinerizadas, explorando uma concessão pública na área do porto de Paranaguá.


Navio atracado em um dos atuais dois berços dedicados acontêineres no porto de Paranaguá.

Em 2008, o terminal movimentou mais de 604 mil TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) e recebeu mais de 5 mil navios desde o início de suas atividades. O terminal ocupa a segunda colocação no ranking nacional do segmento e é líder na movimentação de produtos congelados no País. Entre seus últimos investimentos está a ampliação do número de tomadas para contêineres refrigerados, que passou de mil para 2,5 mil unidades.

Fonte: ASSCOM APPA e comentários do autor.

8 de ago. de 2009

O processo de modernização dos portos: O caso de Paranaguá e Antonina

Um novo cenário portuário global
Title: A new global port scenario
Os portos hoje não dependem apenas dos seus cais. São pólos logísticos que devem estar inseridos em sistemas de modais eficientes e competitivos, bom serviços de terra de inúmeros segmentos de apoio, infraestrutura terrestre atualizada e no mesmo elevado ritmo e eficiência operacional do navio e seus operadores.


Navio full-container: hora certa para chegar e sair do porto.
A época romântica acabou: nem o velho marinheiro que tinha um coração em cada porto pode tê-los mais, não há mais tempo. Os navios tendem a ser como aviões, chegarão e partirão com hora marcada; nos navios full-containers isto já acontece.
Para isso há que acelerar-se na modernização da infraestrutura, e a adoção de novas ferramentas de últimas tecnologias de gestão portuária, como é o caso do VTS.
VTMS – Vessel Traffic Management Service (ou System)

Também simplesmente chamados de VTS, são sistemas eletrônicos poderosos que permitem a visualização em tempo real de toda a infraestrutura portuária, sejam marítima ou terrestre, os navios suas categorias, movimentação e sua integração com outras interfaces, como segurança e proteção ambiental. Os portos de Paranaguá e Antonina estão em fase de estudos para a aquisição e implementação do seu sistema.

Sala de controle VTS padrão (porto de Lisboa).

O VTS é resultado do desenvolvimento no conceito de Gerenciamento do Tráfego de Navios. O produto exibe uma visão global, em alguns em três dimensões (3D), da situação da navegação na área de um porto. Podem ser convertidos em 3D a partir de mapas GIS ou criados por especialistas para cada porto que deseje desfrutar deste recurso, com base em mapas digitais disponíveis, imagens de satélites, fotos obtidas no local, planos em AutoCAD, entre outros. Os modelos dos navios são selecionados a partir de uma biblioteca. Para a visualização da posição dos navios, o sistema utiliza os dados dos alvos VTS (Radar, AIS, etc.).

Os altos níveis da precisão dos dados e da qualidade das imagens fazem com que este aplicativo possa melhorar a segurança da navegação, principalmente nas situações de baixa visibilidade, familiarização com o porto e o tráfego, treinamento, planejamento e situações relacionadas à proteção (ISPS Code), combate à poluição, entre outras. Já está em fase conclusiva o projeto por técnicos da APPA para o processo de aquisição do sistema.
Torre do VTS do Porto de Lisboa: uma das mais belas entre os portos do mundo.

Um cais tipo “concentrador de cargas”: a remodelação para permitir berços profundos

Um dos maiores investimentos já realizados no Porto de Paranaguá está prestes a sair do papel. São R$ 109,5 milhões em obras de aprofundamento dos berços e remodelação do cais, que a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) fará com recursos próprios. A previsão é de que a execução comece ainda este ano.

Obra de remodelação do cais do porto de Paranaguá o colocará no seleto grupo dos portos "Concentradores de Carga".

“Essa é a continuidade das mudanças no Porto de Paranaguá e que irão consolidá-lo como um dos complexos portuários mais importantes do mundo”, afirmou o diretor-técnico da Appa, André Cansian, ao destacar que as obras deixam o porto paranaense em condições de receber novos investimentos em infraestrutura. “Com o aumento na capacidade de atracação, por exemplo, o cais deverá receber, em uma etapa posterior, equipamentos ainda mais modernos e de maior capacidade operacional.” Outro diferencial das obras previstas para o Porto de Paranaguá é a padronização na profundidade dos berços de atracação.

Hoje, o porto pode recebes navios de até 285 metros de comprimento e 75 mil toneladas (dwt) – tonelagem bruta da embarcação. As obras de aprofundamento de berços e reforço na estrutura do cais permitirão que navios acima de 310 metros de comprimento atraquem no porto paranaense. Com a padronização, todos os berços terão 14,50 metros de profundidade (conforme parâmetros da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN), permitindo atracação de navios de até 13,65 metros de calado.


A mudança de gerações de navios exigem novas infraestruturas de acostagem e de operação.

O aprofundamento dos berços faz parte de um conjunto de obras previstas para a remodelação do cais do Porto de Paranaguá. Aumentando a profundidade, será preciso estender a “cortina de contenção” com o uso de estacas cilíndricas de concreto armado de 110 centímetros de diâmetro. Trata-se de método executivo, que permite manter o berço em operação. “Sob o aspecto de engenharia, a padronização dos berços facilita, também, a manutenção e outras intervenções futuras”, acrescentou Cansian. Segundo informações da Divisão de Engenharia da Appa, com o aumento do calado, será necessário reforçar o cais e substituir os cabeços (onde os navios são amarrados) para que a estrutura suporte a atracação de embarcações maiores (esforço correspondente até 100 toneladas).

Os sistemas de defensas – estrutura que absorve o impacto do navio contra o cais - em todos os berços, também, serão substituídos por novos. Além do processo construtivo ser mais ágil (o prazo de execução previsto é de 12 meses), a remodelação do cais é mais vantajosa, também, sob o aspecto financeiro. A obra amplia a capacidade de atracação – pois, permite receber navios de maior porte - sem a necessidade de construir novos berços, o que seria muito mais oneroso.

Os técnicos da Appa, responsáveis pela elaboração do projeto, esclarecem que uma das razões para a padronização é a de deixar todos os berços em condições de receber embarcações de diferentes portes. O cais comercial do Porto de Paranaguá não tem berços específicos para determinados produtos, apenas berços preferenciais. Sendo assim, não há como estabelecer profundidades e calados que atendam as necessidades das embarcações usadas para esta ou aquela carga. As dimensões e calados dos navios variam de acordo com o tipo de carga para as quais foram projetados.

O cais do Porto de Paranaguá – hoje, com 2.820 metros de extensão - foi construído em várias épocas, a partir de 1935. Desde então, o porte dos navios mudou, assim como as técnicas construtivas. As últimas intervenções, por exemplo, foram feitas em 2003, em dois dos berços. Neles, a estrutura já permite a dragagem de aprofundamento. O projeto atual prevê obras em 12 berços.
Quando concluída, o novo cais estará no nível dos chamados portos “concentradores de carga”, cuja infraestrutura de cais tem uma profundidade mínima de 14,5 metros, e Paranaguá em 2011 já estarão nestas condições técnicas.

Concluída dragagem do canal de acesso aos portos do Paraná

A Somar Serviços de Operações Marítimas Ltda. – empresa contratada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) para dragagem emergencial de manutenção do Canal da Galheta concluiu no primeiro de agosto deste ano os serviços de batimetria, que demonstrarão tecnicamente se toda a extensão do canal de acesso aos portos atende a profundidade mínima de 15 metros prevista no contrato.

Operação da Draga HAM 310 no Canal da Galheta, Paranaguá.

A empresa comunicou a conclusão da dragagem à Appa, no último dia 31 de Julho, mas é o levantamento batimétrico iniciado, terça-feira (4), dentro das especificações técnicas exigidas pelo Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), que irá ratificar se as medições estão de acordo. A quantidade de sedimentos removidos do fundo do canal foi de aproximadamente 3,7 milhões de metros cúbicos, volume ligeiramente superior ao definido em contrato.
O superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, informou que, pelo levantamento batimétrico preliminar apresentado pela Somar à comissão de fiscalização da dragagem, os parâmetros básicos exigidos em contrato foram atendidos. “A dragagem restabeleceu a geometria original do Canal da Galheta, que é de 15 metros de profundidade, 200 metros de largura e seis quilômetros de extensão”, esclareceu Souza.
A conclusão desse levantamento batimétrico de maior precisão servirá de subsidio para as autoridades marítima e portuária redefinirem o tamanho das embarcações que poderão ter acesso aos portos do Paraná. Atualmente, o calado autorizado é de até 11,3 metros, devendo ser elevado até 12,5 metros. Assim que receber a medição oficial, a Administração dos Portos está recolocando as bóias de sinalização (retiradas para a realização da dragagem) e, dessa forma, restabelecer a navegação noturna.
“Os serviços de dragagem recolocaram o Canal da Galheta em uma situação de segurança plena à navegação, permitindo que esta administração volte suas atenções para manutenção de seus canais internos e demais obras de infraestrutura portuária, que colocarão os portos do Paraná em um patamar superior, ao lado dos melhores portos internacionais”, assegurou Daniel de Souza.
A nova draga própria do Paraná
Um novo modelo de dragagem no Brasil será inaugurado com esta decisão estratégica do Governo do Paraná. A Appa recebeu o aval do governador Roberto Requião para aquisição de uma draga. Ele autorizou o edital de concorrência internacional e sua publicação em Diário Oficial deve acontecer nos próximos dias. Criteriosa consulta de preços embasou a elaboração do edital, limitando em US$ 24,6 milhões o valor máximo para a embarcação.

Além do custo do equipamento, foram estimados os custos de sua entrega no Porto de Paranaguá. A comissão especial que elaborou a especificação técnica do equipamento recomendou a compra de uma draga nova, com cisterna de capacidade entre 4 mil e 6 mil metros cúbicos. As configurações do equipamento levam em conta as necessidades e condições geológicas e operacionais das baías de Paranaguá e Antonina, os canais de acesso e as futuras obras de expansão da infraestrutura de terra que serão acrescidas através de aterros hidráulicos pelo recalque do material dragado, ao invés de apenas descarta-los em alto mar.

Dragas de médio porte tipo THSD: ideiais para a manutenção de portos médios, como os do Paraná.
Com o fim da CBD – Cia. Brasileira de Dragagem no início dos anos 90 com a onda das privatizações, o país ficou sem dragas de médio e grande porte, expondo-se a uma perigosa vulnerabilidade que poderia ter fechado os portos brasileiros, não fosse a inesperada “crise econômica internacional” que desacelerou projetos portuários no mundo, em especial no Golfo Pérsico.

Tal situação mostrou ao Brasil que não era mais possível continuar-se naquela condição, e os portos do Paraná optaram pela autonomia neste quesito.

A APPA faz um esforço para que no início de 2010 esteja atracando em Paranaguá a sua tão sonhada draga para a manutenção contínua de seus canais.
O Porto de Antonina e o petróleo do Pré-Sal
Antonina já teve seus dias de glória, que chegaram a colocar seu porto entre os cinco maiores do Brasil no início do século XX. Era a era da erva-mate, da madeira e com a inauguração do atual porto de Paranaguá em 1935, começou a ceder lugar ao novo "porto oceânico do Paraná".

Antonina recebeu um golpe mortal no início dos anos 70 quando a Indústria Matarazzo desativou seu porto privado (um dos primeiros do Brasil nesta modalidade), fazendo com que a cidade entrasse em decadência, só ressucitada a partir da entrada em operação dos Terminais Portuários da Ponta do Félix a partir de 2000.

O velho porto público Barão de Teffé tem limitações de operação de navios de uma nova geração, pois as sondagens sísmicas apontam para um elevado custo de derrocamento de lages que impedem o aprofundamento de seu canal, berços e bacis de evolução além de 6,5 metros, levando para outras vocações operacionais o velho porto.

Com a exploração de petróleo do Pré-Sal, Antonina se inserem com uma potencial Plataforma de Apoio Marítimo, podendo ter alí inclusive uma doca seca para reparos navais, infraestrutura carente hoje no Brasil, concentradas na Baía da Guanabara e construídas há muitas décadas.


Porto Barão de Teffé (Antonina): nova vocação com a exploração do petróleo do Pré-Sal.

Integrada em um condomínio industrial de serviços portuários, o lendário porto Barão de Teffé voltará a gerar trabalho e renda, além de estratégicamente inserir em novo arranjo portuário dos Portos do Paraná na Baía de Paranaguá.

Fonte: ASSCOM/APPA e comentários do autor do blog.


3 de ago. de 2009

Convenção ambiental portuária da OEA considerada um sucesso pelos participantes.

A 1.ª Convenção Hemisférica de Proteção Ambiental Portuária da Organização dos Estados Americanos (OEA), que teve como organizadora e anfitriã, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), conseguiu reunir nos dias 23 a 25 de Julho de 2009, em Foz do Iguaçu, representantes dos mais importantes complexos portuários do mundo, além de especialistas ligados à área de meio ambiente. O aprimoramento das atividades portuárias, seguindo conceitos de sustentabilidade, foi amplamente debatido não só como forma de assegurar a preservação ambiental, mas, também, de melhorar a qualidade de vida das comunidades do entorno dos portos e alavancar a economia das cidades portuárias.

Requião abre convenção em Foz e defende portos públicos abertos

Governador do Paraná Roberto Requião abrindo a Convenção OEA entre Orlando Pessuti (dir) e Eduardo Requião (1º direita) e Paulo MacDonald (2º direita)

O governador Roberto Requião abriu a 1ª Convenção com um forte discurso econômico, ambiental e uma saudação emocionada ao palestrista convidado Jean Michel Cousteau. “No contexto que vivemos hoje, da falência do neoliberalismo, a importância da sobrevivência da natureza e dos portos públicos abertos para a economia dos países, sem a preocupação absurda dos monopólios, é fundamental”, destacou o governador. De acordo com Requião, a preocupação com o meio ambiente se inscreve no momento de crise, no ponto de vista da sobrevivência da humanidade. “Os portos públicos ficam em nações, que tem história, processo civilizatório. A economia deve ser pensada do ponto de vista da humanidade. Daí a nossa guerra contra o monopólio privado dos portos, sem preocupação com o meio ambiente, só visando o lucro. Queremos o fim do monopólio das empresas de dragagem, que não pensam na preservação”, ressaltou.
“Presto a minha homenagem pessoal ao personagem que iluminou a nossa consciência jovem e hoje se faz representar aqui pelo seu filho Jean-Michel Cousteau. Seu pai não morreu, porque não podemos admitir que morra a esperança de liberdade e a luz. Jean com sua experiência iluminou e abriu a consciência de gerações. Continue o trabalho de seu pai. O governo do Paraná está orgulhoso de receber aqui em Foz do Iguaçu esta grande figura”, ressaltou Requião.

O vice-governador Orlando Pessuti ressaltou que a questão ambiental deve ser uma ação permanente em que a população esteja inserida e participando. “Modificamos para melhor a realidade do estado do Paraná. Políticas de manejo de solo e proteção das águas, programas de proteção da mata ciliar, reservas legais dentro da proteção legal. Assim tem sido nas nossas ações dos Portos de Paranaguá e de Antonina: ações modificadoras”, afirmou.“Com um porto melhor para nossos paranaenses, podemos dizer que cada um é capaz de demonstrar a sua capacidade e de transformar o dia a dia. O Porto é um exemplo nestas questões, em função de tudo aquilo que implantou. Universitários e especialistas discutem até sexta-feira soluções para problemas ambientais. Discutiremos não só os aspectos econômicos, mas os aspectos sociais e ambientais. Só assim poderemos viver com mais qualidade”, destacou Pessuti.

Manifesto da ABEPH

O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, falou sobre o manifesto assinado pelos 35 portos públicos brasileiros e que representam 90% da movimentação do comércio exterior no País. O documento traduz o comprometimento das autoridades portuárias com o desenvolvimento sustentável e a gestão ambiental portuária.
Durante a solenidade de abertura, o ex-superintendente Appa e atual secretário de Representação do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, recebeu uma homenagem pelas ações pioneiras implantadas na área ambiental e que resultaram na realização da Conferência. A homenagem foi entregue pelo secretário da Comissão Interamericana de Portos da Organização dos Estados Americanos (CIP-OEA), Carlos Gallegos.


Eduardo Requião recebe homenagem de Carlos Gallegos (OEA) e Daniel Lucio de Souza (APPA)

Em seu discurso, Gallegos disse que a preocupação com a questão ambiental portuária começou a se desenvolver há dez anos e que hoje apresenta os primeiros resultados práticos. “As discussões sobre manejo de ações agrícolas que se não forem controladas podem contaminar os mares, o cuidado com o transporte de combustíveis, o controle das emissões de carbono na atmosfera, o controle dos navios que transportam cargas perigosas e que podem acabar com os paraísos ecológicos, entre outros temas”, enumerou Gallegos. Para ele, a Convenção proporcionará uma melhor análise das ações que devem ser implementadas para proteger o meio ambiente nas áreas portuárias.

O prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald, disse que a escolha da cidade para sediar o evento vem ao encontro dos projetos em andamento no município como, por exemplo, o que prevê tornar o Lago de Itaipu navegável, trazendo riquezas e ainda mais desenvolvimento para a região e para o país.
O secretário para Assuntos do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, lembrou que administrou os Portos do Paraná por cinco anos e que neste período o Porto de Paranaguá passou de quarto para segundo maior porto do Brasil e o primeiro em exportação de carnes congeladas. “Ultrapassamos todas as barreiras e fizemos inovações, como a criação do primeiro Terminal Público de Álcool, o corredor de congelados”, informou. De acordo com o secretário, o evento é o resultado de um trabalho iniciado em 2003. “As discussões aqui travadas são muitos importantes porque discutir o meio ambiente é discutir a vida. Espero que este encontro possa trazer mais luz às relações humanas”, avaliou Eduardo Requião.


'Revolução da comunicação' pode ajudar a diminuir a devastação do meio ambiente, afirma Jean-Michel Cousteau

O mundo está caminhando para trás e é preciso utilizar a 'revolução da comunicação' para impedir que a devastação ambiental se torne irreversível. A opinião é do oceanógrafo francês Jean-Michel Cousteau em sua palestra magna da 1ª Convenção. Durante a palestra, assistida por mais de 800 pessoas – entre elas o governador do Paraná, Roberto Requião – o ambientalista alertou para a necessidade urgente de tomar atitudes para mudar o rumo da conservação. “Todos nós podemos fazer uma escolha. E quando a fazemos é nossa responsabilidade segui-la e comunicá-la aos formadores de opinião. O impossível não existe”, afirmou o pesquisador.

A concorrida coletiva de Jean Michel Cousteau na 1ª Convenção OEA.

Jean-Michel também comentou que o momento de crise econômica mundial pode ser decisivo na tomada de decisões. “A crise é uma benção”, declarou Cousteau, justificando que a situação serve para todos olharem com mais atenção para as questões ambientais. “Nós temos que lidar com a realidade, com o pássaro livre, com a beleza de uma flor. Temos que olhar mais para isso e sonhar com isso todos os dias. E não há crise contra isso”, explicou ele.

Cousteau exibiu vídeos sobre o trabalho desenvolvido pela Ocean Futures Society, ONG presidida por ele há dez anos. Neles, mostrou as consequências do acúmulo de lixo e produtos químicos nos oceanos, como a contaminação de animais e seres humanos. E ressaltou a importância da reciclagem do lixo para a geração de energia. No fim da apresentação, Jean-Michel lançou um desafio a todos os participantes do evento. “Quando você estiver desanimado quanto ao futuro do Planeta, olhe fixamente nos olhos de uma criança. E reflita sobre tudo o que você tem feito. Você irá decepcioná-la?”, perguntou ele.
Jean Michel Cousteau, tendo ao lado Daniel Lucio de Souza (APPA) e Fabrizio Pierdomenico (SEP)
Autoridades portuárias pedem revisão da legislação ambientalLicenciamentos ambientais

Na mesma mesa em que foram debatidos os projetos de dragagem, a delegada ambiental da Associação Brasileira de Empresas Portuárias e Hidroviárias (Abeph), Sylvia Niemayer Lima, representando o colegiado das autoridades portuárias brasileiras, defendeu a adoção das Diretrizes da Convenção de Londres de 1972 para a revisão da Resolução nº 344/04, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A legislação trata dos licenciamentos ambientais para os projetos de dragagem. O que se propõe na revisão é, basicamente, a instituição de critérios diferenciados, que atendam às peculiaridades de cada porto. “São itens gerais que podem ser aplicados (como subsídios) no processo de licenciamento ambiental, independente do órgão licenciador”, esclareceu.

Ao mesmo tempo em que o governo federal dá andamento ao Programa Nacional de Dragagem, a Associação Brasileira de Empresas Portuárias e Hidroviárias (Abeph) encabeça as discussões sobre a necessidade urgente de uma revisão na legislação ambiental que trata do tema.

O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Secretaria Especial de Portos (SEP), Marcos Pagnoncelli, apresentou aos conferencistas um panorama de como estão os projetos de dragagem nos 17 portos públicos marítimos brasileiros (de um total de 34), nos quais serão investidos R$ 1,4 bilhão, e as razões que levaram o governo federal a priorizar esse programa.
“Desde que se encerrou a Empresa de Portos do Brasil, em 1990, as obras de dragagem deixaram de ser realizadas. Então, nós estamos em um processo de assoreamento muito intenso em todos os portos brasileiros”, afirmou Pagnoncelli. Ele citou como exemplo o estudo de caso do Porto de Santos que, entre 1999 e 2005, deveria ter empreendido obras para dragar cerca de 52,9 milhões de metros cúbicos e, no entanto, esse volume não ultrapassou 22,4 milhões de metros cúbicos.

A previsão, agora, é de que a dragagem no Porto de Santos atinja 13,6 milhões de metros cúbicos, considerando os trabalhos de manutenção e aprofundamento, segundo projeto apresentado pelo chefe da Subdivisão de Pesquisa e Extensão do Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, José Carlos Amorim, responsável pelos estudos técnicos. De acordo com Pagnoncelli, a melhoria dos acessos aquaviários trará como resultados a redução dos custos portuários, a partir do aumento do fluxo de navios; redução dos tempos de espera para atracação; utilização de navios maiores nas rotas brasileiras; e alavancagem do desempenho das exportações, entre outros reflexos favoráveis à economia brasileira. “O PNDP é compromisso efetivo do governo federal com o desenvolvimento do País e do comércio exterior, visando dotar a atividade portuária de infraestrutura moderna, competitiva e comprometida com a preservação ambiental”.

Governantes avaliam como positivos resultados da Convenção da OEA em Foz

O vice-governador do Paraná Orlando Pessuti frisou a importância da discussão de políticas ambientais. “É fundamental pensarmos nas questões ambientais e no conjunto de políticas sociais que devem ser adotadas por todos aqueles que atuam na atividade portuária do nosso estado e país. Foi uma convenção fantástica, com a presença de grandes personagens ligados a área ambiental”, afirmou. “As palestras e debates sobre questões econômicas e obras que precisam ser implantadas no Porto de Paranaguá, no sistema de logística do nosso estado, acrescentaram muito.
Vamos continuar competindo em igualdade de condições ou até melhor que outros estados, com políticas de importação e exportação. Outro grande destaque foi a participação de Jean-Michel Cousteau, que nos trouxe uma visão de mundo voltada às questões ambientais. Ao se pronunciar, ele mostrou a cada um de nós a responsabilidade que temos com a vida”, ressaltou Pessuti.
O secretário de Representação do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, que, com seu trabalho perante à administração dos portos do Paraná, conseguiu trazer a Convenção da OEA para o Estado, também avaliou como satisfatórios os resultados do evento. “Encontros como esse são sempre positivos. Tudo aqui se soma. É mais conhecimento, inovação, interação e mais possibilidades de ações com outros portos sul americanos.”

Para o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, as discussões não param no âmbito da convenção. Terá que haver continuidade para colocar em prática o que se extraiu dos debates. “Saímos daqui com o sentimento de dever cumprido. O Paraná se posicionou perante as Américas e o Brasil como um exemplo de preocupação com as questões ambientais. Nós temos muito trabalho a fazer, tanto nos portos de Paranaguá e Antonina como nos demais portos brasileiros e do resto do mundo. Mas, fica a nossa decisão de fazer melhorias ambientais, de buscar cada vez mais inserir a educação ambiental no dia-a-dia da gestão do porto. Não é mais possível na sociedade moderna nós administrarmos as empresas, as organizações sem levar em conta a questão do meio ambiente”, avaliou.
FONTE: Asscom/APPA e autor.