30 de jan. de 2012

Banalizando a incompetência


O vazamento de gás na cozinha do restaurante detonou a gambiarra assassina. E então? ... Bum! Explosões, destruições e mortes.

O especulador imobiliário construiu edifícios residenciais pendurados nas encostas de um morro urbano, as “surpreendentes” chuvas de janeiro os fazem desabar como castelos de cartas. Lá se vão vidas, patrimônios familiares e sonhos.

Ah! E os desastres causados pelas chuvas de janeiro de 2011 na região serrana do Rio de Janeiro que matou mais de 900 pessoas e desabrigou milhares? Alguma novidade sobre a reconstrução e a prevenção? Quase nada.

Os pedreiros obedecem às ordens do cliente e da mocinha sua assistente, quebram umas paredes sem laudo técnico, e coincidentemente, o prédio já há anos cheio de “puxadinhos” desaba em cima dos edifícios vizinhos e...? Mais mortes, sofrimentos e custo social.

Apreendemos a lição com a natureza que há séculos tem seu ciclo conhecido pelos colonizadores da Terra Brasilis? Adotamos medidas preventivas contra danos que os eventos conhecidos e repetitivos nos quais podemos interferir? Não!

Neste mês de janeiro de 2012 tudo se repete, só muda de lugar... Em alguns até se reprisam.

Há algo de novo nas notícias desse tipo em nossa mídia diária? Claro que não.

Na frente da TV às vezes pensamos que estamos assistindo novamente a notícia, mas não, é uma “nova tragédia”.

Lendo o Correio do Litoral, suas matérias e comentários de leitores, fico pensando que não é nada diferente com o vemos Brasil afora e até um certo conformismo por parte de alguns leitores com as generalizadas incompetências.

Sobre o caos no trânsito rodoviário no litoral do Paraná, vejo pessoas relevando o nosso problema porque “a estrada para Bombas e Bombinhas em Santa Catarina”, “... Praia Grande e Guarujá é um caos...” são iguais ou pior.

Se o assunto é lixo não coletado, vendedores ambulantes, esgotos despejados em córregos e rios que vão descarregá-los nas praias, percebe-se também um conformismo e uma “aceitação” do que passou a ser banal.

Possivelmente, os técnicos vão dizer que o surto de águas-vivas que assola algumas de nossas praias e já afugentou criancinhas de seus castelinhos de areia, possa ser por uma combinação de proliferação de bactérias oriundas de poluições urbanas, águas contaminadas de praias impróprias para banho.

Mas, tudo bem: É só observar a sinalização do IAP e dos bombeiros. Não nos irritemos, afinal a praia do Gonzaga em Santos é quase um “esgoto a céu aberto”.

E assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade, como diz a música do Lulu Santos. Se nas estradas vemos belos carros de classe média jogando lixo pela janela pelas nossas estradas, não é de espantar que estejam em uma sociedade que está se anestesiando com a banalização das práticas antissociais e ambientalmente incorretas.

As mazelas de nossa região realmente não são muito diferentes de inúmeras regiões do país. Mas, isto não é justificativa para conformismo e aceitação do que é prejudicial às nossas comunidades.

Vamos cultivar o hábito da boa crítica: Aquela que opina e sugere alternativas de melhorias e as fundamenta. Só assim nossos representantes serão questionados e pressionados às melhores práticas.

A mera banalização do caos e a aceitação bovina das incompetências nos coloca no mesmo nível daqueles que chamamos de “políticos incompetentes”, meros retratos de uma sociedade com um baixo nível de exigência.

O prédio que cai, o esgoto na praia, o trânsito caótico, a falta de estrutura viária, a falta de educação, a violência e outras mazelas corriqueiras, são todas filhas nascidas na mesma maternidade: A incompetência.

E contra ela devemos nos insurgir com o conhecimento que uma arma poderosíssima nos proporciona: A EDUCAÇÃO!

É a minha opinião!


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25 de jan. de 2012

ENGORDAR PRAIAS SIM! ... MAS COM ÁGUAS LIMPAS.

Há quase dez anos ouço, acompanho e até participei de discussões dentro do governo do Paraná sobre o engordamento das praias erodidas de Matinhos. Muda governo e o assunto volta requentado, sob nova direção e críticas de quem atuou sobre o tema.

Posso testemunhar o seguinte:

No governo, Requião fez algumas e tentativas para equacionar o engordamento das praias. Lembro-me que em 2007 um contrato de dragagem do canal da Galheta firmado pela Administração do Porto de Paranaguá, se pretendia “descarregar” nas praias de Matinhos areia dragada no canal. 

Afinal, “se vamos jogar o sedimento dragado em algum lugar, por que não nas praias?”.

A solução parecia simples, mas difícil operacionalização para as dragas, pois a produtividade da draga reduzir-se-ia absurdamente, pois teria que viajar da Galheta para Matinhos, conectar-se a tubos que boiariam em alto mar, serem conectados à draga com tempo bom e bombear a areia para a praia.

Além disso, quem pagaria por estes custos, a APPA ou a SEDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbano) através do Programa Paraná Cidade?

Este custo adicional foi equacionado: A SEDU pagaria.

Mesmo assim, a reação do meio portuário, técnicos, geólogos, incluindo o eminente professor Bigarella, foi contrária ao empreendimento e a mídia repercutiu tanto e negativamente esse projeto que foi cancelado, até porque as tensões políticas sobre o governo Requião eram de tal magnitude que “nada era bom”. Até o canal ficou sem dragagem por razões que não cabem hoje aqui (dragamos na minha gestão em 2009!).

Obras costeiras com dragagem são corriqueiras pelo mundo. Dificuldades absurdas no Brasil...!

Frustradas as expectativas do engordamento à época, a SEDU e sua diretora do Programa Paraná Cidade, a minha amiga e competentíssima engenheira Miriam Kravchychym, continuou com o projeto de engordamento das praias. Licitou e contrataram os estudos técnicos de engenharia, geologia e ambiental e até conseguiu o inimaginável: a delegação por parte do IBAMA (Brasília) do licenciamento ambiental que seria feito pelo IAP. Estava tudo certo para numa outra fase, licitar uma dragagem especial direcionada apenas para o projeto e sem mais envolver o porto.

Confesso que sentia inveja da Miriam, pois o IBAMA negado à APPA em 2009 a delegação de seus pedidos de licenças ambientais através do órgão estadual (IAP).

Mas, aí veio a sucessão do governo Requião e entra Orlando Pessuti em abril de 2010: saio da superintendência da APPA e a Miriam sai do projeto das praias e, não sei mais o que aconteceu.

Quando leio aqui no Correio do Litoral que o ex-secretário Wilson Bley Lipski do governo Pessuti na SEDU critica o atual governo a “voltar à estaca zero” no projeto ao repetir desnecessariamente a contratação de projetos e reinventar a roda que já existia e estava pronto pra fazer e concorrência da empresa de dragagem que iria engordar nossas praias.

Mas, a vaidade dos políticos é maior que o interesse público, afinal, cada um quer colocar “a sua marca” no projeto e o nome na placa de bronze.

O que a tal “gestão anterior” fez não presta, e o que é bom é o atual... Que um dia também será superado. 

Portanto, dou razão à indignação ex-secretário na matéria do Correio do Litoral, que traz à tona a forma como se anda pra trás na gestão pública. Alguém está preocupado com os proprietários de casas nas praias atingidas pela erosão do mar? Não. Só o marketing político é que interessa.

Mas o título dessa matéria fala de “águas limpas”? Afinal, cada boletim do IAP sobre a balneabilidade de nossas praias, condena em média 20 locais de nossas praias. Até a “monitoradíssima” Ilha do Mel tem a praia de Encantadas constantemente na lista dos locais impróprios. Vamos incentivar o turismo desse jeito?

Engordamento de praias: técnica e tecnologia praticada largamente no mundo. Ao fundo draga "encostada" na orla bombeando areia para a costa.
 
Então pra encerrar, vamos resumir:

Engordar praias, captar e tratar esgotos e dar um choque da infraestrutura viária já seria um belo programa de obras para o atual governo do Paraná.

Vamos lá senhores. Menos vaidades e mais ação com os projetos que estão há anos nas gavetas.

É a minha opinião!

Publicado simultâneamente com o Jornal Correio do Litoral (Guaratuba-PR)
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12 de jan. de 2012

Turistas “go home”!: Como o caos na infraestrutura viária trava o desenvolvimento turístico

Lembram-se daquele chavão esquerdista antiamericano do tempo da Guerra Fria que dizia: “Yankees Go Home!”.

Pois é, transitando neste início de temporada pelo nosso litoral paranaense desde Pontal a Matinhos e Caiobá e acompanhando diariamente as notícias do nosso Correio do Litoral mostrando as mazelas de gestão pública para a região, fico imaginando que estamos gritando nos ouvidos dos turistas que visitam nossas praias: “Turistas voltem pra suas casas!”.
O curto litoral do Paraná tem cerca de 90 km.
Estava lendo o aqui no jornal desabafo de um paranaense de Cascavel, indignado com o trânsito caótico que enfrentou nas estradas das praias e depois as ironias do serviço de informação da concessionária no da BR-277, a Ecovia.

Então, não tenhamos ilusões, este paranaense do Oeste não retornará a fazer turismo no SEU litoral tão cedo, e mais ainda, já declarou que dirá aos amigos os dissabores que sofreu nas suas férias.

Vamos fazer um rápido diagnóstico:

O principal acesso ao litoral do Paraná é pela rodovia BR-277, pedagiada e responsável pelas demais rodovias estaduais da região, ou seja, o governo e a sociedade dependem da vontade e das cláusulas contratuais do contrato de concessão;

A rodovia Garuva-Guaratuba é bi estadual e está no seu limite e tem influência localizada, e cada vez mais exigida pelo novo porto em Itapoá-SC, que já está ‘bombando’, sem contar que o novo acesso à Guaratuba já começa a ser estrangulado pelo descontrole da ocupação urbana e as famigeradas lombadas, falta de calçadas e ciclovias: caos premeditado;

Se o turista ao sair da rodovia BR-277 e entrar na Alexandra-Matinhos-Caiobá, vai ter uma boa visão e fluxo tranquilo até a entrada da cidade praiana, aí começa o mesmo cardápio da ignorância urbana brasileira: falta de calçadas, de ciclovias, de passarelas para pedestres e... dá-lhe freio no tráfego com a mais abominável invenção pela engenharia rodoviária: a lombada!

Acidentes e mortes: A infraestrutura caótica colabora com as tragédias. 

Essas travas propositais vão até a porta da casa ou hotel do turista em Matinhos e Caiobá. O fluxo do trânsito? Ah! Não vamos falar desse assunto chato...

Mas se o turista resolver ir pela “velha estrada das praias”, via Paranaguá-Praia de Leste? Pior! Já ao sair da BR-277 o motorista dá de cara com a costumeira transformação de uma rodovia estadual em uma “avenida urbana” apropriada irregularmente pelo município através de ruas que desembocam diretamente no fluxo rodoviário, causando mortes, acidentes graves, travamento do trânsito e o velho mantra nacional: falta de calçadas, passarelas, viadutos, ciclovias e... lombadas à vontade! Uns cinco quilômetros iniciais neste caos afegão e que recomeça em Praia de Leste: quase uma “terra de ninguém”. Afinal, quem cuida disso tudo? Ecovia, prefeituras, DER? As perguntas se repetem por todos os pontos rodoviários do litoral...

É o que há anos acontece de forma caótica e descontrolada na rodovia estadual entre Praia de Leste e Pontal do Sul. São 20 quilômetros de descaso público, de lombadas irritantes que retêm o fluxo de veículos em nome da ‘segurança’ dos pedestres. Ora, uma rodovia é para ligar um ponto a outro, e não pode ser confundida com uma avenida. Vias marginais, trincheiras, viadutos, separação entre tráfego rodoviário-urbano, passarelas, calçadas e ciclovias... é pedir demais?

Mais outra região caótica. Lojas invadiram a faixa de domínio da rodovia, invasões com construções irregulares em terreno público e acostamentos da estrada pública sob os olhos do DER, Ecovia, Ministério Público, prefeitos e vereadores... Quem fecha os olhos e dá apoios velados a estas irregularidades que são causadoras desse caos?

Sejamos francos: Não fomos beneficiados pela natureza com uma faixa de mar exuberantemente bela como nossos vizinhos catarinenses. Mas, poderíamos compensar com nossas competências gerenciais e termos uma atuação pública profissionalmente competente como nossos vizinhos. Não o fazemos e nos omitimos frente o caos instalado e testemunhado pelas matérias e comentários dos leitores do Correio do Litoral.
Ilha do Mel: a "jóia da corôa" do pequeno litoral do Paraná. (foto da Praia de Fora)
Simplesmente estamos gritando em voz alta: “Turistas, vão pra casa... e não voltem mais!”.

Ou a Secretaria de Estado do Turismo se coordena urgentemente com as demais secretarias e municípios para dar um choque de gestão viária pró-turismo no nosso litoral, ou nos transformaremos numa chata e decadente faixa praiana visitada apenas por donos de suas casas de veraneio e habitada por modestos prestadores de serviços e pequenos comércios, enquanto os próprios paranaenses procurarão praias de outros estados mais focados no receptivo profissional e perene.

Choque de infraestrutura viária e turística já! É a minha opinião.

Publicado simultâneamente com minha coluna no jornal eletrônico Correio do Litoral

4 de jan. de 2012

Produtividade portuária: Porto Itapoá (SC) bate recorde em operação com contêineres

Com base no artigo publicado no jornal eletrônico Correio do Litoral em 03/jan/12:

Operação noturna Porto de Itapoá (SC).
A produtividade dos portos brasileiros têm sido um dos entraves competitivos quando comparadados aos benchmarks internacionais, como Rotterdam ou Singapura. A operação com contêineres, cada vez mais significativa no mix dos portos, sempre ficou aquém das melhores práticas mundiais. 

A boa notícia é a de que novos índices nacionais de produtividade em operação de contêineres começam a ser batidos e equiparar-se aos de classe mundial, é o caso do novo Porto de Itapoá (SC):

O Porto Itapoá registrou no dia 31/12/2011 a marca de 136 MPH (movimentos por hora) na operação do navio Santa Rita, do armador Hamburg Sud.

Dias antes na operação do navio Leblon, o Terminal já havia registrado 130 MPH, e no dia 27, no Cap San Lorenzo, chegou a 128 MPH.

Navios Haburg Süd e Maersk operando simultâneamente no porto de Itapoá.

O novo índice alcançado em Itapoá é o recorde de movimentação de contêineres na América do Sul.

Patrício Junior, superintendente do Porto Itapoá, confirma a rápida evolução do Terminal. "Para todos nos aqui de Itapoá, este índice mostra como uma empresa consolidada e focada em resultados pode contribuir para o cenário logístico brasileiro. Em sete meses de operação já somos o terminal mais eficiente da América do Sul, e o mais importante é o fato de alcançarmos este resultado sem nenhum acidente com nossos colaboradores e nenhum contratempo operacional. Fechamos o ano com chave de ouro", afirmou

Movimentos por Hora – MPH

Este índice e utilizado no meio portuário para medir a produtividade dos terminais. Quanto maior o índice de MPH, mais rápido acontece a operação e menos custo é gerado para armadores, exportadores e importadores.

Para o gerente de Operações do Porto Itapoá, Sergni Rosa, a marca de 136 MPH só pode ser alcançada por terminais modernos, com equipamentos e sistemas operacionais de última geração.


Os demais terminais brasileiros

O novo benchmark estabelecido por Itapoá, coloca pressão nos portos de Paranaguá (PR), há pouco tempo com uma média de 30 MPH, Rio Grande (45), Rio de Janeiro (47) e Santos-Brasil (53), conforme dados publicados no site da ABRATEC - Associação Brasileira dos Terminal de Contêineres de Uso Público.

Com as chegada (2010) e  entrada em operação dos porteineres post Panamax do TCP em 2012, Paranaguá  terá como desafio multiplicar por quatro sua produtividade para equiparar-se ao porto de Itapoá, bem como nivelar-se aos demais grandes terminais brasileiros neste tipo de operação, que mesmo com MPH baixos ainda superam o porto paranaense.


Produtividade: Essa é o desafio brasileiro.