31 de mar. de 2013

Full Container Maersk Triple-E construction - video

  • Como construir um navio full-container tipo Triple-E (Maersk) em pouco mais de um minuto. Ótimo vídeo!


  • How to build a full container ship Triple-E (Maersk) in one minute. Nice video!



28 de mar. de 2013

Portos: com fila ou sem fila?

Publicado no jornal CORREIO DO LITORAL (Paraná) em 27/03/13

O cidadão brasileiro sentado no sofá esperando a novela, já está ficando "especialista” em portos, não é mesmo?!

É porto com fila, é porto sem fila, é chinês cancelando pedido de compra de soja e por aí vai. Filas quilométricas são transmitidas pela TV no porto de Santos, que virou a bola da vez. Esqueceram do nosso porto de Paranaguá, tão massacrado nos anos 2003 a 2010.

Além disso, as tais greves portuárias por causa de uma “tal privatização” que a presidente Dilma quer fazer nos nossos portos (MP595).


Caminhões, falta de gerenciamento da logística no porto: Os silos sobre rodas.

Afinal, que confusão é essa de informações, que a gente não consegue entender e fica pensando no intervalo dos comerciais, e em seguida somos distraídos por alguém em casa que nos cutuca com outro assunto?


Pois é! Vamos tentar aqui objetivamente fazer uma comparação: O show no ginásio de esportes só tem capacidade para 1.000 pessoas, então é recomendável que uma pessoa interessada em assisti-lo, compre seu ingresso com antecedência para que no dia do evento não corra o risco de não ter lugar, não é mesmo?

Em portos funciona mais ou menos assim. Tem que ter um agendamento de quem irá descarregar em um determinado terminal, cujo navio está previsto para operar num determinado dia. Se todos correrem para os portos sem “ingresso” comprado, ou seja, sem um agendamento prévio, há o caos, as filas ficam quilométricas aparecem, e sofrem juntos: o coitado do motorista do caminhão contratado por empresários espertinhos que querem “guardar lugar” na fila para seus produtos e as comunidades que vivem no entorno do porto.

Lembro-me que, quando entrei para compor a equipe da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) no Governo Requião em 2003, já existia um sistema de informática chamado “Carga-On-Line”, que estava inoperante e propositadamente mal gerenciado.

A razão principal: Os produtores no interior do país não possuem silos e armazéns nas suas propriedades ou em suas cooperativas sempre lotadas. Aí, seus prepostos no porto só dizem: “manda o caminhão que nós damos um jeito aqui no porto!”.

Ocorre que portos na logística moderna, não são mais locais para “armazenar” produtos por tempo longo. Os silos e armazéns funcionam apenas como um pulmão entre a descarga dos vagões de trens e caminhões e o navio programado para atracar e carregar. Assim, os caminhões viram “armazéns sobre rodas” pela falta de estrutura do interior do país.

O sistema “Carga-On-Line” é o agendamento, é a compra do “ingresso” para o show logístico. Ou seja, o caminhão ANTES de iniciar sua viagem já deve ter agendado o dia e hora que irá descarregar no porto e para qual o terminal e navio aquele produto se destina. Não pode vir para o porto na base do “seja o que Deus quiser, lá em Paranaguá a gente dá um jeito!”.


Embarques de grãos nos navios: o gargalo principal é na gestão do fluxo logístico

Mas para que o sistema funcione, a Autoridade Portuária (no nosso caso a APPA), seja firme! Não permita que entre no seu pátio de triagem caminhões que não agendaram a viagem e ainda sequer a soja ou milho foi vendido para um importador no exterior. É incrível, mas isso ainda acontece.

A luta pra mudança do comportamento dos atores logísticos portuários foi dura naquela época, com imensas repercussões políticas, e pagamos um preço caro de imagem por sermos firmes.

Na safra 2004/5 já não tínhamos mais filas. Isto só ocorria quando faltava energia no pátio de triagem, caia o sistema dos computadores ou haviam roubos de cabos de fibra ótica que os ligam aos diversos setores do porto. É incrível, mas até isso é possível acontecer.

Quando fui superintendente da APPA, gerenciei os embarques da safra 2008/9 e parte da 2009/10. Apenas em dois dias tivemos uma pequena fila pelas razões que descrevi. Assim mesmo, a TV e os jornais de oposição política, rádios já corriam freneticamente para fazer um espetáculo em cima.

Depois que deixamos o governo, as filas voltaram no decorrer de 2010 até 2012 mostrando que os grupos de interesse em desmontar o sistema, os que usam caminhões como “armazéns sobre rodas”, venciam a autoridade portuária da APPA.

Hoje parabenizo os colegas de anos na gestão do porto de Paranaguá, que ressuscitaram com firmeza o “Carga-On-Line”, que é exemplo para os portos nacionais, em especial Santos, fazendo com que os transportadores e terminais se disciplinem nesses agendamentos. Afinal, quem quiser participar do show logístico que compre o ingresso, não é?

Os nossos portos precisam de melhorias sim, mas não são os responsáveis das filas que vemos na TV.


Ferrovias: A recuperação do atraso no modal ainda levará mais tempo. Porto de Paranaguá ainda com a ferrovia construída no Séc.XIX.

Que se construam armazéns e silos no interior do país, que nossas estradas e especialmente as ferrovias sejam ampliadas, que os acessos rodoviários sejam bons e não caóticos como são hoje, que os demais órgãos como Receita Federal, Ministério da Agricultura, Anvisa e outros, atuem 24 horas na beira do cais.

Aí sim, teremos velocidade nos embarques, ganhos de produtividade, mais trabalho e renda para todos os que compõem a cadeia logística.

Então pergunto: Vamos viver com fila ou sem fila?

É a minha opinião.