7 de jul. de 2013

Uma nova ferrovia para os Portos de Paranaguá e Antonina: Antiga ferrovia imperial agradece



A ANTT confirmou, ontem, em Curitiba, o traçado do novo trecho, que ligará o terminal de Engenheiro Bley, na Lapa, ao porto de Paranaguá.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou a expectativa do setor produtivo e de entidades ambientais paranaenses e anunciou ontem o traçado do novo corredor ferroviário paranaense, que ligará o terminal de Engenheiro Bley, na Lapa, ao Porto de Paranaguá. A ferrovia vai seguir a faixa de domínio da atual estrada de ferro existente desde a Lapa até Curitiba e, depois, seguirá o trajeto da BR-277 até o litoral. Foi a solução mais viável e com menor impacto ambiental.




Para conciliar todas as especificidades do caminho e ainda atender a alta produtividade desejada – a velocidade do trem na Serra do Mar deve saltar dos atuais 15 km/h para 60 km/h – o projeto prevê um total de oito túneis e seis viadutos ao longo dos 150 quilômetros de percurso. Estas intervenções, inclusive, devem ser responsáveis por 60% do custo da obra, ou R$ 1,3 bilhões de um total de R$ 2,2 bilhões.

A ANTT vai publicar o projeto no dia 15 para a tomada de subsídios ao longo de um mês. Nesta fase, a agência recebe documentos que possam ajudar na consolidação ou alteração do projeto. Depois o estudo parte para a fase de audiências públicas e, incorporadas as sugestões colhidas nestas duas etapas, é encaminhado para o Tribunal de Contas da União.

Detalhes

O percurso vai seguir a faixa de domínio da atual ferrovia concedida à America Latina Logística (ALL) desde o ramal de Engenheiro Bley até o Parque Iguaçú, no sul de Curitiba. Lá será instalado um pátio ferroviário. “Não é o ideal que a ferrovia esteja envolvida pela mancha urbana, mas é fundamental que ela passe próximo aos seus potenciais usuários”, afirma o superintendente da EPL. Desta forma, o percurso permanecerá passando ao lado dos terminais da Petrobrás e Imcopa em Araucária, por exemplo.

Do pátio de Curitiba a ferrovia seguirá ao lado da BR-277 ao longo da descida da Serra do Mar. Neste trecho, a linha desvia o futuro Parque Nacional de Guaricana e passa ao norte do Parque Nacional de Saint Hilaire. Ao todo, 2% do parque serão afetados. “Infelizmente, a topografia da serra tornou inviável o desvio completo”, afirma o engenheiro da Progen, empresa que elaborou o estudo preliminar, Paulo Henrique Torres. Ao todo, a empresa estudou a viabilidade de sete corredores, mas o trajeto escolhido era o que tinha o menor impacto ambiental.

Os túneis que serão construídos para “perfurar” os maciços da serra já serão projetados para uma futura ampliação da malha no Paraná. As passagens terão largura suficiente para que se instale uma segunda ferrovia ao lado. “Estamos pensando para daqui 40, 50 anos, mas queremos evitar problemas para uma duplicação das vias”, afirma o superintendente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bruno Rota.

Norte-Sul começará a funcionar em 2014

O ministro dos Transportes, Cesar Borges, disse ontem que os dois trechos da ferrovia Norte-Sul que atualmente estão sendo construídos pelo governo serão concedidos à iniciativa privada e só vão operar após a assinatura dos contratos de concessão. A previsão é que isso ocorra apenas a partir do ano que vem. Os trechos em construção pelo poder público vão de Palmas (TO) a Anápolis (GO), com 862 quilômetros, e de Anápolis (GO) a Estrela d’Oeste (SP), com 682 quilômetros.

Segundo o ministro, as obras do primeiro trecho vão estar concluídas até abril de 2014 e o trecho seguinte até 2015. Hoje, a Ferrovia Norte-Sul opera um pequeno trecho de 720 quilômetros entre Palmas (TO) e Açailândia (MA). Esse trecho começou a ser construído na década de 1980. O trecho após Palmas teve a construção iniciada em 2007.

Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “inaugurou” o trecho de Palmas a Anápolis. No ano seguinte, a presidente Dilma Rousseff visitou a obra e disse que ela estaria funcionando até setembro de 2012, o que também não ocorreu.

Concessões: Primeira licitação ferroviária é marcada para 18 de outubro

O governo marcou para 18 de outubro a primeira concessão de ferrovias do Programa de Investimento em Logística, lançado em agosto do ano passado. O trecho licitado, de 457 quilômetros, será a extensão da Ferrovia Norte-Sul do Maranhão ao Pará. De acordo com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o custo do investimento desse trecho está orçado em R$ 3,2 bilhões e a concessão será de 35 anos.

Taxa de retorno

O governo definiu que a concessionária terá uma taxa de retorno interna do projeto de 8,5% ao ano, a maior até agora do programa de concessões. Os percentuais definidos para o trem-bala e para as rodovias são menores, de 7% e 7,2%, respectivamente.

Essa taxa deverá ser o teto para os demais projetos ferroviários que o governo pretende licitar até o começo do ano que vem, segundo o ministro dos Transportes, César Borges.

O ministro ponderou, entretanto, que caberá ao Ministério da Fazenda a decisão final sobre a taxa de retorno, que deverá variar para cada trecho de ferrovia a ser licitado.

Em outubro devem sair os editais dos dois próximos trechos a serem oferecidos: Lucas do Rio Verde (MT) a Uruaçu (GO) e Estrela d´Oeste (SP) a Maracaju (MS).


Fonte: Gazeta do Povo.com.br