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8 de jun. de 2014
Estivadores a bordo - Porto de Paranaguá - video
3 de jul. de 2013
Ibama vistoria Porto de Paranaguá para emitir a licença de operação
02/07/2013
Publicado no site oficial da APPA (Asscom)adaptado por Daniel Lucio de Souza
Representantes do Ibama, das sedes nacional, estadual e municipal, estiveram no Porto de Paranaguá, nesta terça-feira (2), para realizar uma vistoria técnica. Esta é mais uma etapa do processo de obtensão da licença de operação, documento exigido para a realização de diversas obras dentro do Porto. Desde 2009, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) trabalha para conseguir a licença. Com a visita dos representantes do Instituto, a expectativa é que o processo ganhe celeridade e a licença seja emitida.
Diversas exigências têm sido feitas pelo Ibama. Algumas dessas são inéditas no país, como a demanda de haver uma empresa que possa atender eventuais emergências de fauna. Como não existe nada semelhante no Brasil, a Appa firmou um convênio com a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) para atender a demanda.
“Seremos o primeiro porto do Brasil a atender esta demanda. Apesar das grandes dificuldades impostas, estamos trabalhando ao máximo para atender as exigências do governo federal”, explica o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino.
No entanto, a falta de licença continua impondo prejuízos aos portos paranaenses e aos usuários do porto, além de prejudicar diretamente o próprio meio ambiente, uma vez que a Appa só saberá quais as exigências finais deverá seguir quando a licença for finalmente emitida. Um exemplo dos problemas causados pela demora na emissão da licença de operação é a obra de aprofundamento dos berços de atracação.
De acordo com o superintendente do Ibama no Paraná, Jorge Callado, o que está sendo vistoriado é se o que foi solicitado pelo órgão está sendo cumprido. “No processo para receber a Licença de Operação do Porto de Paranaguá, a Appa protocolou o Plano de Emergência e esse documento precisou de algumas alterações. Hoje o Ibama está aqui para verificar se as revisões recomendadas estão sendo cumpridas, além de verificar com mais propriedade o convenio de fauna e a revisão de alguns equipamentos de atendimento de emergência”, explica.
Para aferir a prontidão dos equipamentos de segurança, o Ibama solicitou a simulação de um atendimento de emergência para demonstrar em quanto tempo daria conta de fazer o primeiro atendimento à uma ocorrência com prováveis danos ambientais. O exercício foi realizado em frente ao berço 201, no cais oeste.a
“Demonstramos hoje que nossos equipamentos estão em constante manutenção e prontos para atuar a qualquer momento. Agora, nos resta a expectativa de obter a Licença de Operação para darmos ainda mais agilidade e segurança às operações”, afirma Dividino.
19 de mar. de 2010
75 anos do Porto de Paranaguá: Empresários querem despolitização das discussões portuárias
Legalmente eleitos para fiscalizarem atos dos prefeitos dos cerca de 5.000 municípios brasileiros, além de deverem buscar atender as demandas das populações e suas carências sociais, estes novos “fiscais” do cenário portuário têm se arvorado em “legítimos” representantes da população para “assuntos portuários”.
23 de ago. de 2009
Terminal de Paranaguá recebe prêmio nacional de transporte e logística
- De 5º lugar, os portos do Paraná ocupam em 2009 o 2º lugar entre os portos públicos brasileiros na movimentação de contêineres;
- A partir de 2009, liderança em operações com contêineres reefers (carnes congeladas);
- Participação em mais de 40% nas exportações brasileiras de carnes congeladas/refrigeradas, com a adoção do "Corredor de Congelados", idealizado pelo ex-superintendente Eduardo Requião em 2007;
- Adoção a partir de 2007, das "Janelas Públicas de Atracação", otimizando as operações de contêineres.

TCP: liderança em containers reefers entre os portos do Brasil.
Para o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, o desempenho do TCP eleva o terminal portuário paranaense ao reconhecimento nacional. “Esse prêmio é uma vitória que orgulha toda a comunidade portuária. Atualmente, enquanto a média nacional na movimentação de contêineres sofreu queda de 15%, o TCP teve um aumento de 4% na sua movimentação em relação a 2008. O terminal alcançou uma liderança no embarque de cargas congeladas e hoje detemos 40% das exportações deste segmento no Brasil”.
Em nove edições, o prêmio “Valor 1000” já homenageou, na categoria “Transporte e Logística”, empresas como TAM, Embraer, Gol, Aliança Navegação e América Latina Logística (ALL).
A cerimônia de entrega do prêmio contou com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O TCP, instalado na área leste do cais comercial do Porto de Paranaguá, o TCP atua há 11 anos no segmento de cargas conteinerizadas, explorando uma concessão pública na área do porto de Paranaguá.
Navio atracado em um dos atuais dois berços dedicados acontêineres no porto de Paranaguá.
Em 2008, o terminal movimentou mais de 604 mil TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) e recebeu mais de 5 mil navios desde o início de suas atividades. O terminal ocupa a segunda colocação no ranking nacional do segmento e é líder na movimentação de produtos congelados no País. Entre seus últimos investimentos está a ampliação do número de tomadas para contêineres refrigerados, que passou de mil para 2,5 mil unidades.
Fonte: ASSCOM APPA e comentários do autor.
15 de jun. de 2009
MODAL FERROVIÁRIO E O FUTURO ESTRATÉGICO DAS CARGAS AO PORTO DE PARANAGUÁ
Em média, 28,8% das cargas que chegaram e saíram do Porto de Paranaguá, no primeiro quadrimestre deste ano, foram transportados em vagões. Soja (899 mil toneladas), farelos (595 mil toneladas) e contêineres foram as principais cargas movimentadas sobre trilhos nesse período.No acumulado dos quatro primeiros meses, o total transportado pelo modal ferroviário foi de 2,68 milhões de toneladas – volume semelhante ao mesmo período do ano passado: 2,67 milhões de toneladas.

A prioridade nas operações é dos caminhões, que são em número bem superior ao das composições ferroviárias. Mas, diante do crescimento do transporte pelo modal ferroviário (a empresa não chegou a calcular de quanto foi esse aumento), o carregamento ou descarregamento dos trens agora são realizados em dois horários.
O TCP estima que haja potencial para dobrar o volume de cargas transportadas, mesmo com as restrições ou gargalos na malha ferroviária atual.O gerente comercial intermodal da Standard, Fernando Perdigão, confirma a tendência de aumento no transporte multimodal de cargas (combinando modais rodoviário e ferroviário) que, segundo ele, vem crescendo em média 30% por ano. Aproximadamente 95% das cargas que passam por quatro dos terminais da Standard têm como destino o Porto de Paranaguá.
São dois terminais de carregamento em Cambé, no Norte do Estado, e Cascavel, no Oeste, e outros dois de recarga de frio em Guarapuava, na região Centro-Sul, e Curitiba.
“A empresa vem investindo nos terminais intermodais para oferecer uma nova opção de transporte para os exportadores/importadores, onde se pode chegar a uma redução na conta do frete de até 30% em comparação ao transporte rodoviário”, afirmou Perdigão.

A matriz de transporte nacional e a ferrovia
Em 2007 (último levantamento da ANTT disponível), o desempenho do modal ferroviário foi de 257,1 bilhões de toneladas por quilômetro útil. Onze concessionárias administram o sistema ferroviário brasileiro, que tem uma malha de 28,3 mil quilômetros. As cargas típicas do modal ferroviário são os produtos siderúrgicos, grãos, minério de ferro, cimento e cal, adubos e fertilizantes, derivados de petróleo, calcário, carvão mineral e clínquer, além de contêineres.
A ferrovia e o futuro do porto
Não há dúvida de que o futuro dos portos dependem da eficiência e da interiorização da malha ferroviária, em especial no caso do porto de Paranaguá, um ramal ferroviário até o coração do Brasil central é vital para o futuro do porto. “Não haverá grãos aos portos do Paraná se não houver ligação ferroviária entre Paranaguá e o Mato Grosso do Sul, em especial através da Ferroeste”, afirma do Superintendente da APPA Daniel Lúcio O. de Souza.
Os estudos de viabilidade para a construção de um ramal ferroviário, entre Guarapuava e o Porto de Paranaguá, coordenados pela empresa estadual FERROESTE http://www.ferroeste.pr.gov.br/, apontam uma demanda potencial de 30 milhões de toneladas/ano, na área de influência do projeto, que considera, além da ligação no Paraná, os ramais para o Mato Grosso do Sul, Paraguai e Santa Catarina. A ligação soluciona o gargalo ferroviário existente no corredor de Paranaguá, entre Guarapuava e Ponta Grossa, e é estratégica para o escoamento da produção agrícola do Paraná e de outros estados que exportam grãos pelo terminal portuário paranaense.
O secretário de Obras Públicas e Transportes do Mato Grosso do Sul, Edson Giroto, disse que o seu Estado está discutindo com o Paraná a possibilidade de a Ferroeste, empresa vinculada à Secretaria dos Transportes do Paraná abrir o seu capital. “Para o Mato Grosso do Sul ser sócio e evitar o risco de que amanhã a Ferroeste seja privatizada”, explicou. Giroto ressaltou que seu Estado está determinado a se integrar, por ferrovia, ao Porto de Paranaguá como “alternativa ao Porto de Santos”.

Segundo o secretário do Mato Grosso do Sul, a produção de álcool e açúcar, com a instalação de novas usinas naquele Estado, “terá que ser dirigida para Paranaguá, uma saída competitiva para o Mato Grosso do Sul”. Os estudos realizados até agora sobre a implantação de um alcoolduto ligando as regiões produtivas daquele Estado ao Atlântico, frisa Giroto, mostram que o transporte pela ferrovia “é muito mais viável” e barato. “Temos que nos apressar”, declarou o secretário sul-matogrossense.
O projeto de expansão da Ferroeste, única operadora ferroviária pública do país, foi apresentado pelo presidente da empresa, Samuel Gomes.
A construção do ramal da Ferroeste entre Cascavel e Foz do Iguaçu e sua ligação com Puerto Presidente Franco, no Paraguai, através de ponte ferroviária, vai ser tema do próximo encontro dos presidentes do Brasil e Paraguai, afirmou a presidenta da Unicoop (União Nacional das Cooperativas do Paraguai), Simona Cavazzuti. “Temos certeza que Lugo (presidente do Paraguai) vai incluir o assunto na agenda bilateral”.

A dirigente cooperativista afirmou que os produtores paraguaios precisam se “independentizar das multinacionais”. Numa referência ao modelo público de gestão da Ferroeste disse: “Nós acreditamos no projeto e de nosso lado vamos fazer o que for possível para que ele seja viável. Estamos trabalhando com o governo paraguaio e nosso sonho é reunir o Porto de Paranaguá com o Porto de Antofagasta para formar o corredor bioceânico”.
Uma antiga aspiração para acabar com os gargalos ferroviários
O superintendente adjunto do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), Nelson Costa, teceu considerações sobre o traçado da ferrovia entre Guarapuava e Paranaguá e disse que os estudos apontam que a melhor alternativa é aquela que foi apresentada pela companhia estatal paranaense. “A proposta da Ferroeste resgata o projeto inicial da Ferrovia da Produção, da Ferrovia da Soja e da Ferrovia do Frango”, disse ele, e tem o “total apoio” das cooperativas. “Devemos nos somar”, declarou.
A atual ferrovia centenária operada pela ALL
Com a febre das privatizações dos anos 80 e 90 no Brasil, as ferrovias também foram sucateadas. No caso da ligação dos portos de Paranaguá e Antonina a coisa fica ainda mais evidente e grave.

ALL: herança da antiga malha ferroviária da RFFSA.
O dirigente da Ocepar disse que a atual ferrovia (sem nominar a ALL, operada por um grupo privado) é antiga e obriga os trens a reduzir a velocidade de 50 quilômetros por hora, no trecho da Ferroeste, para 10 quilômetros por hora, devido o gargalo logístico de Guarapuava. Segundo ele, o tempo excessivo da viagem de ida e volta dos vagões até o porto, em ciclos levam vários dias (até nove dias, conforme a Ferroeste), impede a região Oeste de transportar carne por ferrovia. “Fica inviável”, disse. O novo traçado da Ferroeste reduz em 125 quilômetros a distância entre Cascavel e Paranaguá e o ciclo dos vagões para dois dias.
A construção do ramal de Guarapuava ao Porto de Paranaguá “é a condição para a Ferroeste realizar o seu projeto de expansão”. Segundo o seu presidente. Os entendimentos para a expansão da Ferroeste ao Mato Grosso do Sul e Paraguai estão andando com rapidez.
Mas a viabilidade dessas obras só é possível resolvendo-se o gargalo logístico que existe na velha ferrovia entre Ponta Grossa e Guarapuava. Para que o projeto seja implantado definitivamente a Ferroeste precisa chegar ao Porto de Paranaguá.
O executivo da Ferroeste Samuel Gomes explicou que o ramal até o porto terá 365 quilômetros e vai reduzir a distância dos atuais 738 quilômetros para 613 quilômetros, “o que dá uma economia de 250 quilômetros de distância, ida e volta, mas além disso o ciclo dos vagões que hoje é de oito a dez dias vai cair para dois dias”. O presidente da Ferroeste considera que a solução logística vai “desenvolver o interior do Paraná e as regiões que são beneficiadas pelo projeto”. O dirigente da Ferroeste considera ainda que a viabilização dos ramais da empresa “é a forma do Porto de Paranaguá participar desse grande banquete logístico que está se apresentando hoje no Centro-Oeste brasileiro”.
A integração dos portos brasileiros por ferrovia em bitola larga
29 de nov. de 2008
O MODELO PORTUÁRIO BRASILEIRO E O “SAMBA DO CRIOULO DOIDO”

Desde 2003 me envolvi profundamente no estudo e na discussão do que tentamos materializar como “modelo portuário brasileiro”, após o tempo de maturação da Lei nº. 8630 de 1993.
* Optamos pelo que chamamos de Porto Público, onde o trabalho na área primária (alfandegada) sindicalizada e democratizada a pequenas, médias e grandes empresas de operação portuária;
* Os berços de atracação são públicos, não existem ‘donos’ com as exclusividades absurdas que existem nos demais portos públicos brasileiros;
* Infra-estruturas públicas tais como: silos de grãos, terminal de granéis líquidos (álcool), terminal de granéis sólidos (fertilizantes), terminal de automóveis, condomínio industrial aduaneiro e outras em projeto;
* Gerenciamento das atracações pela autoridade portuária e não por terminais privados, que disfarçam que é a administração pública quem gerencia seus berços exclusivos.
No campo regulatório, o recém nascido Decreto nº. 6620 de Outubro de 2008, retira de vez das Cia. Docas, administrações portuárias e estados e municípios delegatários, o poder de decisão e gestão sobre os arrendamentos de áreas e instalações, transferindo-os à agência reguladora ANTAQ.

Reproduzo o excelente artigo e desabafo do ex-diretor da CODESP – Cia. Docas do Estado de São Paulo, Engº Luiz Alberto Costa Franco, com o título “Companhias docas sem função“ de 25/11/08 (http://www.portogente.com.br/):
"Quando me pego pensando nas mudanças de conduta social, de um modo geral, fico imaginando como tudo mudou tão repentinamente que não permite, por vezes, assimilar tais mudanças. (...) É claro, quero pintar o diabo com as cores mais fortes possíveis, pelo fato do governo federal agir de forma idêntica aos pais "bonzinhos" que criam agentes incapazes de gerir os problemas de sua alçada. Como assim? E o que tem a ver com a dragagem? Tudo, eu digo. Senão vejamos: Por um longo tempo, a Codesp se viu privada dos serviços de dragagem por uma suposta incompetência de diretorias anteriores que não conseguiam elaborar um edital para licitar esses serviços, tanto por impedimentos ambientais como por inadequação de cláusulas que satisfizessem as premissas estabelecidas pelo planalto central. E o que fez a Secretaria Especial de Portos (SEP)? Resolveu ela mesma o problema, elaborou o edital e vai licitá-lo sem a participação da Codesp, a quem caberia solucionar o problema que, como já se disse, não é problema, é solução. E parou por aí? Não. Se pode piorar, vamos piorar. A SEP, provavelmente partindo da suposta incapacidade da Codesp em elaborar e licitar os serviços, vai contratar uma empresa privada para "fiscalizar" a dragagem. Ou seja, o Porto de Santos não tem competência para gerenciar um dos poucos serviços que lhes são atribuídos pela Lei 8.630/93.
Por outro lado, uma autoridade incompetente não exerce sua função a contento e perde sua respeitabilidade, comprometendo todas as suas deliberações. É o que parece já estar ocorrendo, na disputa pelo exercício dessa autoridade entre a SEP, a Antaq e os CAPs (Conselhos de Autoridade Portuária). Não é para polemizar, é uma constatação. O comentário, feito no último dia 21/11/08, sobre a disputa SEP x Antaq x CAP, demonstra aquilo que gostaria que ocorresse, isto é, a SEP mandaria, estabeleceria as metas, os CAPs fiscalizariam os procedimentos, estabelecendo as prioridades locais, as companhia docas executariam as metas estabelecidas pela SEP e exerceriam seu papel de autoridade portuária, reportando-se aos CAPs quanto ao planejamento de execução dessas metas. E a Antaq, ora a Antaq ...
Do jeito que está indo, as companhias docas não terão função alguma, a não ser de uma mera delegacia regional da Secretaria Especial de Portos. Aliás, os mais antigos lembrarão de um filme semelhante ..."
O executivo do principal porto do Brasil (Santos), em seu desabafo chega ao limite, quase se questionando: Afinal pra que servem agora aos Cias. Docas públicas e as administrações portuárias espalhadas pelo país? Nos portos de Paranaguá e Antonina, a APPA tem resistindo. O governador Roberto Requião e o ex-superintendente Eduardo Requião foram o contraditório nacional nesta discussão e ainda pagam um preço de contrapressão política avassaladora.
Mas, se não fossem eles e uma visita ao Porto de Paranaguá pela Ministra Dilma Rouseff em Janeiro de 2007, seguida após alguns meses pelo Ministro dos Portos Pedro Britto, não teria havido a “abertura dos portos para as dragas internacionais amigas”, mesmo 200 anos após o famoso ato do Imperador Dom João VI em 1808.
Somente depois das “brigas do pessoal de Paranaguá” é que ainda em 2007 acabou-se com o cartel das dragueiras brasileiras, que hoje passaram a ser agentes dos seus equivalentes internacionais. Pelo menos chegaram as dragas maiores e mais modernas.
Fica a discussão de muitos pontos:
* Qual o papel de Governo Federal e sua Secretaria Especial de Portos (SEP) na questão portuária?
* Qual o papel da agência reguladora ANTAQ, regular e fiscalizar o que é razoável, ou autorizar e outorgar concessões, centralizando em Brasília e retirando das administrações de cada porto este papel?
* E os CAPs (Conselhos de Autoridades Portuárias), é para opinar e dar ‘conselhos’ ou gerenciar efetivamente os portos, pois têm a capacidade de impedir a gestão da Autoridade Portuária? O absurdo ainda, é a composição de tais conselhos: um grande empresário e lobista de um porto no sul do país, pode ter assento em um conselho de um porto concorrente. O empresário de um porto local, pode sem isenção, impedir ou tumultuar votações de seus interesses individuais, e por aí vai ...
* E as Autoridades Portuárias sem poder? Nem delegado de polícia ou o Capitão dos Portos tem menos poder do que a administração do porto e sua responsabilidade como Autoridade.
Isto é só o começo. Posso dizer que no MEU modelo as unidades federativas teriam poder quase que total de gestão portuária pública no seu espaço geográfico, a serem concessionadas por Lei pela União Federal aos Estados (somos uma federação mesmo, ou é só brincadeirinha?!).
Este modelo é o de vários países do mundo moderno. A integração logística nacional seria coordenada com o Governo Federal sob regulação da agência do setor (ANTAQ), e não o que está aí ... uma confusão total.
Na Austrália, por exemplo, a qual visitei em 2006, onde a Cia. docas estadual possui dragas próprias e serviços de praticagem, mas falar isto no Brasil do modelo do “samba do crioulo doido” é heresia pura. As penas são variáveis: desde a simples chacota até a condenação ao ostracismo (quando não, represálias).
Enquanto isso, os hotéis e restaurantes de Brasília agradecem ...
18 de nov. de 2008
Um novo modelo de gestão ambiental portuária
A política ambiental dos Portos do Paraná teve destaque no levantamento de dados realizado por técnicos do Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (Centran) finalizou em novembro 2008 no Porto de Paranaguá, uma avaliação ambiental estratégica que está sendo desenvolvida para a Secretaria Especial de Portos e para o Ministério do Planejamento.
Este modelo de gestão ambiental portuária é novo e inédito no Brasil, que ainda está dando seus primeiros passos de forma institucionalizada neste segmento.


12 de nov. de 2008
Terminal Portuário dedicado à bioenergia (etanol) acelera suas operações em Paranaguá
O Brasil atualmente é benchmark internacional na geração de energia renovável pela utilização de biomassa, em especial as derivadas da cana-de-açúcar, como é o caso do álcool carburante e seus similares como é o caso do etanol, que nos Estados Unidos é produzido com o milho, o que encarece sua produção e preço final ao consumidor. O sucesso dos biocombustíveis brasileiros é tanto, que chegou a ser tema de discussão na última campanha presidencial americana.
O porto de Paranaguá é pioneiro no Brasil na operação de uma instalação pública portuária para a recepção e exportação deste tipo de produto, o que beneficia os produtores e usineiros de álcool do Estado do Paraná.



28 de out. de 2008
Família real comemora 200 anos da Abertura dos Portos no Porto de Paranaguá
No ano em que o Brasil comemora os 200 anos da Abertura dos Portos às Nações Amigas, os Portos do Paraná unem-se às festividades alusivas à data prestando suas homenagens aos príncipes Dom Luiz e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, trinetos de Dom Pedro II. Eles visitaram o Porto de Paranaguá “Dom Pedro II” em 12 de outubro último, onde foram recebidos por diretores da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA).

Esta foi a primeira vez que Dom Luiz visitou Paranaguá. “Para nós é uma honra estarmos aqui hoje para essas comemorações. Este é um porto muito importante, porque é o segundo em movimentação de produtos no Brasil e que vai crescer muito mais. É um grande privilégio visitar a cidade e seu Porto que leva o nome de Dom Pedro II. Este é mais um motivo para estarmos felizes em estarmos aqui”, disse Dom Luiz.

Dom Bertrand, irmão de Dom Luiz, já esteve várias vezes na cidade, mas pela primeira vez visitou o Porto. “Essas comemorações reconhecem a obra grandiosa que Dom João VI nos deixou. Não fosse a vinda de Dom João VI ao Brasil hoje não seríamos um país de dimensões continentais com grande potencial. Sua chegada ao Brasil proporcionou todos os fundamentos de nossa nacionalidade. Nunca se comemorou tanto uma data como agora. Visitar o Porto que leva o nome de Dom Pedro II nos toca de uma maneira especial e afetiva. Temos uma ligação especial com o Porto de Paranaguá por causa disso”, declarou Dom Bertrand.
200 anos depois
Oficialmente, o Porto de Paranaguá é denominado Dom Pedro II, em homenagem ao imperador que esteve na cidade em 1880 para o lançamento da pedra fundamental do edifício da Estação Ferroviária, inaugurada em 1885. “Considero essa obra uma proeza da engenharia brasileira, porque contrariou o que os engenheiros ingleses, franceses e alemães diziam sobre essa obra, que era impossível fazer uma ferrovia entre tantas montanhas. Isso mostra o quanto o Brasil na época estava na primeira linha da cultura da civilização”, destacou Dom Luiz.

Estamos honrados com essa visita porque lembramos o legado que Dom João VI deixou sobre a pujança do Brasil. É um compromisso que temos com o presente, com o resgate do passado e com o futuro do nosso Estado e do nosso Porto. Estamos orgulhosos ao prestarmos essas homenagens aqui, porque assim encurtarmos as distâncias entre o passado e o futuro do nosso Porto”, disse o diretor de Desenvolvimento Empresarial da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Alberto César.
História
“Hoje estamos vivendo um momento histórico. Estamos muito honrados em receber a comitiva da Casa Imperial do Brasil. Depois de 200 anos da Abertura dos Portos às Nações Amigas cabe-nos dar continuidade a essa obra, mantendo nossa movimentação recorde de produtos e os portos públicos”, comentou o diretor Administrativo-Financeiro da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza.
29 de set. de 2008
Porto de Paranaguá e os biocombustíveis em 2008

No leque de mercadorias que integram o setor de granéis líquidos, o Porto de Paranaguá também concentra quase metade das exportações de óleo de soja do Brasil.
“O Paraná e seu porto vêm dando respostas para o Brasil em termos de produtividade, eficiência e, principalmente, no atendimento às necessidades dos produtores do Paraná e de outros Estados”, afirmou Cláudio Fernando Daudt, diretor-superintendente da Cattalini Terminais Marítimos, que há 20 anos atua no setor portuário. Entre janeiro e 23 de setembro deste ano, foram exportados 664 milhões de litros, volume maior que o verificado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 389 milhões de litros.Daudt afirmou que o Porto de Paranaguá possui mais de 1,3 bilhão de litros de capacidade de exportação de álcool disponíveis nas estruturas pública e privada. Em 2006, foram embarcados 700 milhões de litros de álcool e, em 2007, uma queda no mercado internacional fez com que as exportações de álcool alcançassem 550 milhões de litros.
9 de set. de 2008
O RIO DE LA PLATA opera no porto de Paranaguá
Isto demonstra que a discussão de dragagem é apaixonada e sem uma clareza técnica, pois este grande navio operou sem problema.
Mesmo com a necessidade de dragar, o porto de Paranaguá continua batendo recordes não só de movimentação de cargas como de tamnho de navios que lá operam.
De acordo com Michael Silva, diretor de operações da Hamburg Süd, pela estrutura da norma portuária atual, o navio, que tem 286,45 metros de comprimento, não poderia atracar em Paranaguá, cujo limite estabelecido pela Capitania dos Portos é de 285 metros.
“A atracação do Rio de La Plata será em caráter experimental, no prazo de um ano. Porém terá que cumprir com algumas exigências como: a manobra deverá ser realizada no período diurno, com condições favoráveis de mar e vento, e o navio terá que ser acompanhado por, pelo menos, dois rebocadores”, explica.
O Rio de La Plata foi entregue em março 2008, pelo estaleiro Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co. Ltd. (DSME) em Okpo, Coréia, e é o maior porta-contêiner da história da Hamburg Süd, sendo o primeiro de uma série de seis navios idênticos.
Segundo Silva, até o mês de dezembro, Paranaguá será escalado ainda pelos navios Rio de Janeiro e o Rio Negro, também com capacidade para 5,9 mil TEUs. “O porto paranaense, em 2008, receberá entre 8 e 9 escalas dos maiores navios em operação no Brasil, com uma expectativa de operação por escala de 850 a 900 contêineres”, afirma.
O Rio de La Plata será escalado para o serviço da Hamburg Süd na rota Ásia – Costa Leste da América do Sul por um curto período de tempo, antes de ser incorporado ao serviço na rota Europa – Costa Leste da América do Sul. Ele e seus cinco navios irmãos vão substituir gradualmente os navios “Monte”, que então vão ligar a Ásia com a Costa Leste da América do Sul.
Em Paranaguá, as principais cargas de exportação são compostas por autopeças, soja, madeira e compensados, frango congelado, carne bovina congelada e artigos de couro. Na importação, os destaques são produtos químicos, tecidos, equipamentos elétricos, brinquedos, autopartes, pneus e resinas.
“Paranaguá é um porto-chave, um dos poucos complexos portuários que mantém um equilíbrio nas cargas de exportação e importação”, completa. No dia 11 de maio (domingo), o Rio de La Plata seguiu viagem para o Porto de Santos. A rotação completa do navio é Xangai, Hong Kong, Cingapura, Tanjung Pelepas, Sepetiba, Santos, Buenos Aires, Rio Grande, Paranaguá, Port Elizabeth e Durban.
Dados técnicos do navio: O porta-contêiner tem capacidade de 80.455 tdw, sua capacidade dos contêineres chega a 5.900 TEUs, os Plugs para contêineres frigoríficos são de1.365, tem 286,45 metros de comprimento total, 273,45 metros de comprimento entre perpendiculares, 40,00 metros de largura, calado máximo de 13,50 metro, velocidade de 23 nós, e potência do motor principal chega aos 45.760 kW.
Perfil da Hamburg Süd - Fundada em 1871, a Hamburg Süd é um dos maiores grupos operando no transporte marítimo e está presente nas Américas, Europa, África, Ásia e Oceania, seja diretamente ou através de empresas coligadas. A Hamburg Süd, adquirida pelo Grupo Oetker no fim da década de 40, também é um dos maiores especialistas no transporte de cargas congeladas e refrigeradas com tecnologias inovadoras.
Paranaguá está na rota dos futuros navios série Santa da empresa, que terão 310 metros de comprimento, e entra na era dos post Panamax. Assim, mais importante do que as profundidades dos canais de acesso, serão as larguras para que as curvas e manobras sejam seguras. Os navios estão cada vez mais longos, e proporcionalmente com menos calado: vide o novo Cana do Panamá, que será outro tema deste espaço.
Fonte: site Fator Brasil com adaptações deste blog.
23 de ago. de 2008
Produtividade na gestão portuária: Temos que fazer a lição de casa

Resumindo: PRODUTIVIDADE = OUTPUTS / INPUTS
O Banco Mundial tem alguns indicadores de performance de portos, por tipo de operação, por empregos diretos e indiretos, produtividade cais, e muitos outros aspectos. Não temos ainda uma cultura de medição de indicadores, de trabalhar com benchmarks. Como dizia o velho guru da administração Peter Drücker: “Não há administração se controle.”, portanto, qualquer administração portuária que se preze deve ter seus indicadores de produtividade, perfomance em vários aspectos e compará-los com as boas práticas no que se faz em logística portuária nas várias partes do mundo.
Nº de funcionários diretos na administração do porto (autoridade portuária): 100.000 toneladas por funcionário (Rotterdam). Vejamos o porto de Paranaguá como exemplo: Em 2008 movimentará cerca de 40 milhões de toneladas, e neste conceito deveria ter no máximo 400 funcionários; tem 650. Santos movimentará 80 milhões, teoricamente 800 funcionários; tem 1.300. Ou seja, as opções são: ou aumenta-se a movimentação ou reduz-se pessoal. Paranaguá optou pela primeira.
Movimentação de cargas por metro de cais: acima de 10.000 toneladas/ano é considerado alta performance; Paranaguá tem 3.500 metros de cais nos seus terminais, o que significa que com 40 milhões ton/2008 terá uma produtividade de mais 11.400 ton/metro de cais; Santos fará a metade disso com seus 13.000 metros. Ou seja, tamanho tem que ser proporcional ao desempenho, senão é sinal que algo está errado na configuração do porto;

Terminais de contêineres: movimentação de 35 a 50 movimentos por hora. Isto significa que o terminal tem embarcar ou desembarcar um contêiner em no mínimo 1 ½ minuto. São poucos os brasileiros que atingem este desempenho;
Geração de empregos indiretos na comunidade portuária, em atividades relacionadas com a logística e serviços do porto:
- Se utilizarmos o benchmark Porto de Rotterdam, teremos 25.000 empregos para 300 milhões de toneladas/ano. Isto significa que cada 12.000 tons movimentadas geram um emprego;
- Se usarmos o padrão dos portos franceses (25), teremos 35.000 empregos para uma movimentação de 275 milhões de tons/ano ou, cerca de 7.800 toneladas para um emprego;
_ Considerando o benchmark francês, a movimentação de Paranaguá geraria atualmente mais de 5.100 empregos na operação, o que é o que ocorre de fato.
Portanto, a gestão chegou pra ficar nos portos brasileiros, e não há como fugir do processo, pois a eficiência das estruturas globais estão sendo dia-a-dia esticadas até o limite de rompimento, e quem não tiver elasticidade e flexibilidade organizacional, quebrará como um palito. Voltaremos com este tema nos próximos artigos.
17 de ago. de 2008
PORTOS: O gargalo que não deve ser
Entrevista publicada no JORNAL FOLHA DO LITORAL de Paranaguá/PR em 17/08/2008.
Nascido em Curitiba em 20 de junho de 1954, portanto com 54 anos hoje. Passou a infância em Bagé no Rio Grande do Sul, quando seu pai Celso Daniel de Souza, paranaense de Rio Negro, oficial do Exército foi para lá transferido. Sua mãe Lucí Oliveira de Souza é natural de Florianópolis, e descendente de açorianos. As raízes dos Souza se cruzaram há muito com Paranaguá. Seu bisavô Joaquim de Souza, amigo próximo do então jovem padre parnanguara e recém ordenado Celso Itiberê, mais tarde o famoso “Monsenhor” do Paraná, que iniciou sua vida sacerdotal em Cerro Azul, terra seus avós paternos. Daí o nome de seu pai “Celso”, em homenagem ao dileto amigo da família.
Coincidências do destino, que colocou Paranaguá na sua vida, chegando a se apaixonar pela parnanguara Maria Izidora Silva de Souza, a Dorinha, como é chamada pelos amigos. Ela, professora de Geografia, será mãe no final do ano do primeiro filho do casal, a Mariana. Daniel possui três filhos: Milena, Thiago e Letícia, que residem em Curitiba.
Formou-se em Economia pela FAE, obteve três pós-graduações, sendo duas especializações pelo IBQP em convênio com a JICA do Japão e pela UFPR, além do mestrado em Gestão de Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.
Em 2001 foi convidado a dar aulas e estruturar o Departamento do Curso de Administração da então nova Faculdade ISULPAR, depois na FAFIPAR, além de lecionar cursos de pós-graduação na PUC/PR. Recém convidado pela ACIAP como professor presencial no recém lançado curso da FGV/ISAE em Paranaguá, Daniel tem uma intensa vida acadêmica, tendo publicações de artigos em congressos inclusive no exterior.
Costuma dizer que amigos, têm mais de 1.200 em Paranaguá, que são seus ex-alunos, o que o faz sentir-se em casa na cidade que adotou como cidadão e eleitor. Como hobby tem o iatismo nas veias desde jovem. Campeão paranaense de vela em sua categoria nas classes Laser e Soling, já foi premiado em vários campeonatos nacionais e internacionais, tendo representando o Brasil em 1997 no Mundial de Soling na Dinamarca com seu amigo Luciano Gubert de Oliveira, a quem considera o maior velejador paranaense de todos os tempos. Um pouco “enferrujado”, disse que está terminando a reforma de seu veleiro e voltará a incomodar o pessoal nas regatas, como o fez em junho deste ano quando capitaneou o veleiro Yes de seu amigo Paulo Rocha, faturando o segundo lugar da regata patrocinada pela Marina Oceania.
Daniel nunca foi filiado a partidos políticos, a diz não ter vocação para a militância, e só se envolve como cidadão quando acredita numa causa, sem que isto tenha compromisso partidário.
Na sua vida profissional foi executivo de empresas importantes como Incepa, Faber-Castell, Brasfrigo, Imaribo, CAFE do Paraná. Participou em empresa de trading e de empresa de consultoria empresarial, não tendo hoje nenhuma outra atividade empresarial privada.
Como atividade clubistica, há mais de vinte anos é sócio do Clube Náutico de Antonina, onde foi eleito Comodoro de 1998 a 2002, em razão do seu amor à vela.
É este profissional extremamente gabaritado que já tem no peito pulsando um coração parnanguara, que a folha do litoral mostra nesta entrevista exclusiva.
FOLHA: Porque a opção por uma carreira de economista?
Daniel: Acho que foi uma busca desde criança de entender como o mundo funciona. Quando garoto economizava mesada pra comprar revistas e livros. Sempre li muito. Em 1968 eu tinha 14 anos, e tive o prazer de comprar em banca uma tal revista que estava sendo lançado seu primeiro número, chama-se “Veja”, a qual colecionei por muitos anos. Era um pouco estranho para meninos como eu lerem aquele tipo de revista. Sempre gostei de “viajar” pelo mundo através da leitura. Talvez esteja aí minha opção por economia.
FOLHA: Qual foi sua trajetória profissional?
Daniel: Meu primeiro cargo gerencial foi aos 22 anos, em uma empresa de mineração em Ponta Grossa, a convite de um executivo que à época era presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná, o Gilberto Alves. Achei que o sujeito era louco em me confiar aquele desafio. Casei para ter cara de “maduro” e me impor, pois havia muito preconceito dos demais gerentes em respeitar aquele jovem recém chegado. Daí pra frente, passei por várias empresas como gerentes, sendo que a minha primeira experiência em gestão pública foi como gerente financeiro da CAFÉ do Paraná (atual Codapar) nos anos 80. Depois vieram várias empresas nacionais e multinacionais (Faber-Castell e Incepa), sendo que na área portuária gerenciei a Brasfrigo, em Itajaí. Hoje a APPA é sem dúvida meu maior desafio profissional em razão da grandeza, importância e complexidade que gerenciar um dos portos mais importantes do mundo.
FOLHA: Como surgiu o convite para assumir a área financeira dos Portos do Paraná?
Daniel: Foi uma dessas conspirações positivas que o universo nos apronta. Desde 2001 dando aulas em Paranaguá, fiz muitos amigos. No início de 2003 o Eduardo Requião é nomeado para a superintendência do nosso porto e dois alunos meus que o estavam assessorando, o Chico Santos e a Silvana Leal, comentavam ao novo superintendente que tinha um professor no Isulpar que falava em sala de aula as mesmos conceitos de gestão, eficiência, qualidade e produtividade. Curioso, o Dr. Eduardo quis conhecer este “tal professor” que tanto os meus alunos comentavam. Fomos apresentados e fiquei impressionado com a inteligência, cultura, visão estratégica e moderna que o superintendente possuía. Daí surgiu o convite que depois de semanas aceitei, pois o desafio era fascinante, apesar dos imensos obstáculos que sabíamos que iríamos enfrentar. Hoje, passados mais de cinco anos, sinto-me honrado pelo que conseguimos alcançar e tenho o Eduardo Requião como uma grande amigo e uma referência pessoal como excelente administrador público.
FOLHA: Como é administrar a área administrativa e financeira do maior porto graneleiro da América Latina e um dos mais importantes do mundo?
Daniel: Um desafio imenso. Pegamos a APPA quebrada, sem dinheiro, sucateada e pronta para ser privatizada. Moral baixo do pessoal, infra-estrutura portuária em péssimas condições, uma imagem péssima no que se refere à idoneidade e moralidade, acusações de ilícitos pra todo lado, a indústria das ações trabalhistas e desvios de funções a pleno vapor. Digo-lhe que me assustei quando assumi a divisão financeira, quase com vontade de voltar correndo pra sala de aula. Mas o Eduardo Requião já tinha nos alertados dos desafios que tínhamos pela frente. Parecíamos o Tom Cruise no filme Missão Impossível. Hoje é o porto mais capitalizado do país, investe, gera empregos diretos e indiretos em toda a região através de obras, aumentamos a movimentação de carga em mais de 40%, moralizamos o sistema, temos R$ 400 milhões em caixa para darmos outro salto de obras de infra-estrutura nos Portos do Paraná. Só de inadimplências de gestões anteriores recuperamos mais de R$ 3 milhões, aplicamos todos os recursos em bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica, todos aqui da cidade. Isto é tão importante, que a agência do Banco do Brasil foi premiada e elevada ao nível “A” no país, reaplicando os recursos da APPA no comércio e financiamentos para a comunidade. Isto pouca gente percebe. Tenho uma equipe altamente competente e séria, por isto o dinheiro apareceu. Só se pode chegar aonde chegamos com as diretrizes e pulso firme do superintendente, pois as pressões contrárias foram enormes.
FOLHA: Muito se fala em discursos eleitorais sobre o ISS que o porto não paga. Qual sua opinião sobre este assunto?
Daniel: Sua pergunta é importante para que a comunidade saiba a verdade. A APPA não é devedora de nada ao Município, ao contrário, é credora em mais de R$ 7 milhões que estamos cobrando na justiça. Alguns políticos e pessoas travestidas de “jornalistas”, falam e publicam uma série de bobagens só para fazer oposição política barata. Em síntese é o seguinte: A Constituição Federal do Brasil no seu artigo 150 é clara no se refere à imunidade tributária entre os poderes municipal, estadual e federal. Trocando em miúdos: o município não pode tributar órgãos do estado ou federal e vice-versa. A APPA é um órgão estadual, não é empresa. Equipara-se ao DETRAN, ao IAP, ao IBAMA e outros. Pergunto: o município tributa as taxas recolhidas por estes órgãos que citei. E as tarifas que a Capitania dos Portos cobra, são tributadas? Claro que não, pois não tem sentido legal. A posição jurídica da APPA não gera nenhum centavo de “perda” como mentem à população, pois ISS é crédito tributário quando um prestador de serviço o paga a outro. Assim, se a APPA não inclui o ISS nas suas tarifas portuárias, o operador, os terminais e outros, pagam o imposto 100% à Prefeitura. E se a APPA cobrasse, teria que repassar 4% ao município e o prestador de serviços portuário os outros 96% e a conta fecharia em 100 da mesma forma.
É só ver o modelo do Porto de Santos, é a mesma coisa, o ISS não está incluso nas tarifas portuárias, é pago à parte. Chegam até a números fantasiosos de R$ 25 milhões como vi no debate dos candidatos na TV estes dias atrás. Já me ofereci diversas vezes para um debate de alto nível com quem quer que seja para esclarecermos a população, mas se escondem e não me procuram com medo de serem desmascarados. Buscam se esconder atrás de suas incompetências e jogar a culpa dos problemas da cidade na gente. Os cofres do município nunca arrecadaram tanto como nestes cinco anos, graças à riqueza que o crescimento do porto trouxe à cidade. Mais uma vez me ofereço para um debate público sobre este assunto.
FOLHA: Quais os avanços obtidos na sua área para o porto Dom Pedro II?
Daniel: As compras através de pregão eletrônico, o que democratizou as concorrências, impedem as antigas acusações de corrupções e fraudes; a centralização dos recursos da APPA no Banco do Brasil, fazendo o dinheiro público render, o que não era feito antes; as mudanças na área de faturamento das tarifas portuárias. Chegamos a descobrir fraudes em autenticações de faturas que faziam que o dinheiro de tarifas fossem para bolsos particulares. Na área de pessoal realizamos um concurso público depois de 18 anos de impedimentos mais variados, o que oxigenou o quadro de pessoal da administração, acabamos com as horas-extras frias, desnecessárias e fraudulentas, além dos famigerados desvios de função, que era o “berçário” das ações trabalhistas milionárias que enriqueceu muita gente. Passamos a atuar na melhoria da qualidade de vidas dos portuários, melhorando as condições de trabalho no seu ambiente, investindo em novas instalações e ambientes dignos, diferentes daqueles locais fétidos que muita gente sabe do que estou falando. Voltamos a capacitar nosso pessoal com palestras todas as quintas-feiras, cursos, treinamentos, a buscamos introduzir conceitos de gestão e produtividade no trabalho. Os resultados estão aí. Hoje operamos um porto com o dobro da movimentação de carga que se tinha nos anos 90 com a metade do pessoal que foi saindo gradualmente. Isto é produtividade e eficiência da gestão. Os empregos diretos devem ser gerados nas empresas que operam e prestam serviços portuários, nos sindicatos, e não na APPA apenas. Por isso temos tarifas competitivas e ser considerado modelo de porto público no Brasil.
FOLHA: Quais seus planos para o futuro?
Daniel: Pretendo concluir a missão na APPA junto com o superintendente Eduardo Requião na modernização dos portos de Paranaguá e Antonina. Quando o mandato dele terminar sairei junto, com o prazer do dever cumprido e de termos entregue à sociedade um porto infinitamente melhor do que aquele que recebemos em 2003. Voltarei pra sala de aula, darei consultorias e curtirei minha família que está aumentando com a pequena Mariana que está chegando. Quero velejar a costa brasileira com a Dorinha e meus filhos e, quem sabe, fazer uma aventura maior com o veleiro, pois não pretendo receber a aposentadoria sentado no sofá da sala. Estou com saudades do vento no rosto e do mar.