Title: Logistics blackout for brazilian ports future.
Nos sete anos que atuei na APPA e chegando à superintendência em setembro de 2008, meu foco sempre foi a infraestrutura portuária, já antevendo o apagão logístico que se aproximava e dos portos concorrentes na mesma hinterlândia dos portos do Paraná (Paranaguá e Antonina).
Draga HAM 310 atracando em Paranaguá em Fevereiro de 2009: um momento histórico!
Meu batismo foi uma dragagem emergencial do Canal da Galheta que estava prestes a fechar no último bimestre de 2008, o que seria desastroso para a economia do Paraná e do Brasil, pois os embarques da safra a ser colhida no início de 2009 já estava próxima e os contratos com embarcadores e tradings que estavam definindo os portos por onde operarem já tornava fatal uma indefinição da dragagem de Paranaguá.
Em 21 de janeiro de 2009 estava assinando com o Governador do Estado o contrato tão importante para a vinda dos portos de Paranaguá e a nossa Antonina, que já vinha enfrentando problemas operacionais graves.
Uma nova geração de navios exige uma nova infraestrutura portuária: marítima e terrestre.
Mas os problemas não param por aí. Há que se ivestir continuamente na infraestrutura portuária. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA elaborou um estudo com conclusão importantes para os decisores de investimento na área portuária denominado Portos Brasileiros: Diagnóstico, Políticas e Perspectivas.
Algumas conclusões do estudo:
• O Brasil tem cinco anos para evitar um apagão logístico, caso a economia cresça num patamar entre 4% e 5% ao ano. Isso porque os investimentos previstos para a área portuária correm o risco de não dar conta das 265 obras avaliadas como necessárias para comportar o volume de transporte de cargas no país e de transporte de mercadorias a serem exportadas.
Estaleiros do Brasil entram na corrida logística nacional através do PAC
Modais logísticos para negócios: desde a Internet aos portos, todos necessitam de melhores infraestruturas.
• Os principais gargalos são ligados a obras de dragagem e de acesso aos portos por rodovias e ferrovias. “Identificamos que os portos carecem de obras na área de dragagem e de facilidades de acesso. Estes podem ser considerados como os principais problemas dos portos brasileiros”, avaliou o coordenador de Infraestrutura Econômica do IPEA, Carlos Campos. “Mas a questão da gestão é também bastante relevante, porque se a carga chega ao cais e encontra serviços morosos e funcionamento limitado a apenas dez horas por dia, cria estrangulamento e atrasa o embarque e o desembarque da mercadoria”, complementa Bolívar. Segundo ele, todos os portos brasileiros apresentaram problemas sérios de dragagem. “Muito disso se deve à decorrente falta de um sistema regulatório”.
• Na área de dragagem e derrocamento, foi identificada a necessidade de serem realizadas 46 obras. Destas, 36 de aprofundamento e alargamento das vias utilizadas pelas embarcações. “O PAC atua em 19 obras, num custo estimado de R$ 1,539 bilhão. Isso corresponde a 55,3% dos R$ 2,278 bilhões estimados para a realização dessas 46 obras identificadas como necessárias”, disse Bolívar. “E das 45 obras de acesso identificadas como necessárias, cujo custo estimado é de R$ 17,291 bilhões, apenas 14 estão previstas pelo PAC. Elas custarão R$ 6,784 bilhões, ou 39,2% do valor total de obras necessárias.” Para Carlos Campos, “embora louváveis, os investimentos previstos no PAC não representam mais do que um esforço para compensar o país pelos 30 anos sem investimentos em infraestrutura”.
Ferrovias: um gargalos que pode inviabilizar as commodities para o porto de Paranaguá entre 10 a 15 anos caso não haja um novo ramal com bitola larga cruzando a Serra do Mar em direção ao porto.
• A distância entre a previsão desses investimentos e a realização física da obra preocupa os especialistas. Dos R$ 1,539 bilhão destinado a obras de dragagem e derrocamento para o período entre 2007 e 2011, apenas R$ 25,40 milhões foram aplicados até 2008. O programa prevê, ainda, investimentos de R$ 27,28 milhões em acessos terrestres a portos, para o mesmo período. Destes, R$ 11,80 milhões foram efetivados até o ano de 2008.
Berços para navios portacontêineres: ocupação total gerará colapso operacional em breve caso o terceiro berço não seja licenciado pelo IBAMA para início das obras que só estarão prontas após um ano de seu início. Desafio para a nova gestão da APPA.
Ou seja: o administrador de portos no atual modelo brasileiro é antes de mais nada um herói.
Agora na iniciativa privada, vejo à distância as estruturas públicas que conviví nestes anos estão obsoletas e não conseguem mais dar respostas à velocidade com que os gargalos logísticos que o país enfrenta e que o estudo acima do IPEA bem diagnosticou.
Fonte: Comentários do autor do blog e dos veículos: Jornal Tribuna do Norte (RN) - 19/05/2010, publicado no site
http://www.portalnaval.com.br/noticia/30264/brasil-corre-risco-de-apagao-da-area-logistica-em-portos-