Em conjunto com o jornal eletrônico Correio do Litoral, faço aqui breves comentários sobre a importância da dragagem permanente dos portos do Paraná (Antonina, Paranaguá e em breve Pontal do Sul).
Canal da Galheta, Ilha o Mel e Pontal do Sul (à esq.)
Agora que a licença ambiental a ser emitida pelo Ibama aos portos paranaenses está cada vez mais próxima (dois anos depois que iniciei as negociações), iremos para a prática: dragar, fazer obras portuárias e pensar no futuro.
Uma draga própria
Imagine se você tem uma casa ou um campo de futebol com grama sempre pra cortar. Então você tem duas opções: possuir uma máquina de cortar grama ou chamar um jardineiro a preço de mercado sempre que precisar do serviço.
Não vou comentar a terceira opção (não cortar a grama) por ser inimaginável o descaso.
Então, se dragar deve ser uma rotina nos portos, a manutenção das profundidades de seus canais de acesso, cais de acostagem e bacias de evolução devem ser constantes.
Afinal, estima-se que cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos se acumulam anualmente nos canais dos nossos portos. Então você já tem ideia de que “apenas” para retirar o que se deposita naturalmente, seriam necessárias cerca de 300 viagens de uma draga de 5.000 m³ de capacidade, ou seja, uma viagem por dia útil.
Mas e se a gente quiser hoje dragar e aprofundar os canais desde Antonina, passando por Paranaguá e indo ao mar aberto onde se localiza o Canal da Galheta? Bom, aí teremos que dragar pelo menos 8 milhões de metros cúbicos de areia e lodo, a um valor anunciado pela Appa de R$ 90 milhões, ou R$ 11,25 por m³.
Então se tivéssemos uma draga própria, o custo por metro cúbico não sairia por mais de R$ 4,50! Ou seja, dava pra pagar a draga (R$ 44 milhões), gastar-se-ia mais uns R$ 36 milhões co combustíveis, manutenção, tripulação e uma docagem no ano e ainda sobravam uns trocados ... se é que dá pra chamar de R$ 10 milhões de troco!
Ah! E os 1,5 milhões de metros cúbicos que assoreiam anualmente os portos, vão parar? Não é claro, a natureza segue seu ritmo, e o homem também.
Cada vez que uma pessoa joga uma bituca de cigarro na rodovia BR-277, um dia as águas da chuva levarão esse resíduo pros canais portuários. O mesmo acontece com os deslizamentos de morros e encostas nas tragédias recentes na nossa região. Todo esse material, acaba sendo levado para as nossas baías (Antonina, Paranaguá e Guaraqueçaba).
Portanto, uma administração portuária deveria gastar por ano R$ 6,7 milhões com dragagem se a draga fosse própria, mas gastará R$ 16 ou 17 milhões só com dragagens de manutenção, considerando-se os preços e estimativas que a Appa divulgou estes dias atrás no seu Twitter oficial:
“portosPR Portos do Paraná 8 milhões de metros cúbicos a serem dragados. Tempo estimado: 9 meses. Custo: R$ 90 milhões. Área a ser dragada: aprox 30 km. #EIARIMA”
Resumindo: Uma draga própria se pagaria nesta empreitada a ser iniciada este ano pelos Portos do Paraná e anualmente até o final dos tempos (ou da draga...), economizar-se-ia uns R$ 9 milhões de trocados...
Draga para todo o litoral do Paraná
Alem da manutenção dos canais do porto, um equipamento de tal porte, poderia fazer diversas obras no nosso litoral, tais como:
– Abrir e manter um canal na entrada da barra de Guaratuba e lá desenvolver um projeto de polo pesqueiro e apoio marítimo à exploração de petróleo do pré-sal.
– Restaurar e manter o bom e velho Canal Sueste, que é o canal compreendido entre a Ilha do Mel e a Ilha das Peças. Este canal é o que se usou por mais 400 anos, desde a entrada das primeiras caravelas portuguesas que adentraram a Baía de Paranaguá para colonizar. Este canal foi abandonado depois da construção e entrada em operação do atual Canal da Galheta em 1975, que é de risco e sujeito aos maus humores do tempo.
O Canal Sueste em uma configuração mais simples, menos profundo e mais estreito que a Galheta, se constituiria em tráfego para navios vazios, de pequeno porte ou até emergencial em qualquer situação de gravidade na Galheta, do que não estamos livres.
– Dragagem do canal da Cotinga e bacia de evolução do futuro terminal de navios de passageiros: Vou dar um chute, mas um canal de 1.500 metros de comprimento, com 50 de largura, com uns 10 metros de profundidade e uma bacia de evolução de pelo menos 400 metros, necessitará uma dragagem de pelo menos 1.300.000m³. Se isso for orçado pelo preço atual da Appa, coloque-se mais R$ 14 milhões no valor da obra. Se fosse com a draga própria, sairia por no máximo R$ 6 milhões.
– Engordamento das nossas praias de Matinhos que estão sendo destruídas pelo mar e pelo descaso: Bem, desnecessário falar que o assunto seria resolvido com mais rapidez e com 1/3 do custo.
– E a Ilha do Mel que está se partindo ao meio daria pra salvar? Sim! Foi um assunto que inclusive cheguei a conversar com o presidente do IAP à época. Poderíamos retirar areia dos nossos canais atuais e bombear para a região em que o mar está “comendo” e dividindo a ilha. Claro que isso após estudos por técnicos, modelagens matemáticas e científicas e o licenciamento ambiental. A Appa sairia no lucro, pois se evitaria transportar estes sedimentos que são jogamos fora em alto mar, a um custo elevado embutido no preço das empresas.
Bem, vamos parar por aqui. Já vimos que foi uma tragédia para os portos paranaenses a impossibilidade (e o desinteresse posterior) de adquirir-se uma draga, como vários países do mundo o fazem.
Mas isto fica pra próxima!
Uma draga própria
Imagine se você tem uma casa ou um campo de futebol com grama sempre pra cortar. Então você tem duas opções: possuir uma máquina de cortar grama ou chamar um jardineiro a preço de mercado sempre que precisar do serviço.
Não vou comentar a terceira opção (não cortar a grama) por ser inimaginável o descaso.
Então, se dragar deve ser uma rotina nos portos, a manutenção das profundidades de seus canais de acesso, cais de acostagem e bacias de evolução devem ser constantes.
Afinal, estima-se que cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos se acumulam anualmente nos canais dos nossos portos. Então você já tem ideia de que “apenas” para retirar o que se deposita naturalmente, seriam necessárias cerca de 300 viagens de uma draga de 5.000 m³ de capacidade, ou seja, uma viagem por dia útil.
Mas e se a gente quiser hoje dragar e aprofundar os canais desde Antonina, passando por Paranaguá e indo ao mar aberto onde se localiza o Canal da Galheta? Bom, aí teremos que dragar pelo menos 8 milhões de metros cúbicos de areia e lodo, a um valor anunciado pela Appa de R$ 90 milhões, ou R$ 11,25 por m³.
Então se tivéssemos uma draga própria, o custo por metro cúbico não sairia por mais de R$ 4,50! Ou seja, dava pra pagar a draga (R$ 44 milhões), gastar-se-ia mais uns R$ 36 milhões co combustíveis, manutenção, tripulação e uma docagem no ano e ainda sobravam uns trocados ... se é que dá pra chamar de R$ 10 milhões de troco!
Ah! E os 1,5 milhões de metros cúbicos que assoreiam anualmente os portos, vão parar? Não é claro, a natureza segue seu ritmo, e o homem também.
Cada vez que uma pessoa joga uma bituca de cigarro na rodovia BR-277, um dia as águas da chuva levarão esse resíduo pros canais portuários. O mesmo acontece com os deslizamentos de morros e encostas nas tragédias recentes na nossa região. Todo esse material, acaba sendo levado para as nossas baías (Antonina, Paranaguá e Guaraqueçaba).
Portanto, uma administração portuária deveria gastar por ano R$ 6,7 milhões com dragagem se a draga fosse própria, mas gastará R$ 16 ou 17 milhões só com dragagens de manutenção, considerando-se os preços e estimativas que a Appa divulgou estes dias atrás no seu Twitter oficial:
“portosPR Portos do Paraná 8 milhões de metros cúbicos a serem dragados. Tempo estimado: 9 meses. Custo: R$ 90 milhões. Área a ser dragada: aprox 30 km. #EIARIMA”
Resumindo: Uma draga própria se pagaria nesta empreitada a ser iniciada este ano pelos Portos do Paraná e anualmente até o final dos tempos (ou da draga...), economizar-se-ia uns R$ 9 milhões de trocados...
Draga para todo o litoral do Paraná
Alem da manutenção dos canais do porto, um equipamento de tal porte, poderia fazer diversas obras no nosso litoral, tais como:
– Abrir e manter um canal na entrada da barra de Guaratuba e lá desenvolver um projeto de polo pesqueiro e apoio marítimo à exploração de petróleo do pré-sal.
– Restaurar e manter o bom e velho Canal Sueste, que é o canal compreendido entre a Ilha do Mel e a Ilha das Peças. Este canal é o que se usou por mais 400 anos, desde a entrada das primeiras caravelas portuguesas que adentraram a Baía de Paranaguá para colonizar. Este canal foi abandonado depois da construção e entrada em operação do atual Canal da Galheta em 1975, que é de risco e sujeito aos maus humores do tempo.
O Canal Sueste em uma configuração mais simples, menos profundo e mais estreito que a Galheta, se constituiria em tráfego para navios vazios, de pequeno porte ou até emergencial em qualquer situação de gravidade na Galheta, do que não estamos livres.
– Dragagem do canal da Cotinga e bacia de evolução do futuro terminal de navios de passageiros: Vou dar um chute, mas um canal de 1.500 metros de comprimento, com 50 de largura, com uns 10 metros de profundidade e uma bacia de evolução de pelo menos 400 metros, necessitará uma dragagem de pelo menos 1.300.000m³. Se isso for orçado pelo preço atual da Appa, coloque-se mais R$ 14 milhões no valor da obra. Se fosse com a draga própria, sairia por no máximo R$ 6 milhões.
– Engordamento das nossas praias de Matinhos que estão sendo destruídas pelo mar e pelo descaso: Bem, desnecessário falar que o assunto seria resolvido com mais rapidez e com 1/3 do custo.
– E a Ilha do Mel que está se partindo ao meio daria pra salvar? Sim! Foi um assunto que inclusive cheguei a conversar com o presidente do IAP à época. Poderíamos retirar areia dos nossos canais atuais e bombear para a região em que o mar está “comendo” e dividindo a ilha. Claro que isso após estudos por técnicos, modelagens matemáticas e científicas e o licenciamento ambiental. A Appa sairia no lucro, pois se evitaria transportar estes sedimentos que são jogamos fora em alto mar, a um custo elevado embutido no preço das empresas.
Bem, vamos parar por aqui. Já vimos que foi uma tragédia para os portos paranaenses a impossibilidade (e o desinteresse posterior) de adquirir-se uma draga, como vários países do mundo o fazem.
Mas isto fica pra próxima!