Title: Ports: they may not be bottlenecks
Quando os primeiros navegantes saquevam as costas do Novo Mundo, levando o pau cor de brasa, o "brasil", levavam muitas aves: tucanos, papagaios e outros bichos exóticos na Europa. Os portugueses, sossegados pois tinham o Tratado de Tordesilhas a lhes garantir o 'título' das novas terras, não estavam no início dos anos 1500 muito a fim de colonizar e investir por aquí. Então, franceses e holandeses faziam a festa! Chamavam o novo país de "Terra dos Papagaios".
Ah, como 'pegou' o apelido. Faz 500 anos que incorporamos na nossa cultura o tal rótulo.
Nos dias de hoje na discussão logística nacional, envolvendo rodovias, hidrovias, ferrovias e portos, só se houve falar que os 'gargalos' são os portos. Não se fala em outra coisa. É a contínua repetição infindável à lá papagaio.
Há que se separar os portos. Santos, o principal do país por sua localização central na maior zona industrial do Brasil, o sudeste, que responde a mais de 70% do PIB nacional, mas tem uma produtividade em relação ao seu tamanho sofrível. Tem mais de 13 mil metros de cais acostável e faz 80 milhões de toneladas movimentadas/ano. Enquanto que o Porto de Paranaguá tem 1/4 do tamanho e baterá as 40 milhões de toneladas movimentadas em 2008. Isto corresponde a mais de 11.000 ton/metro de cais/ano, o que é benchmark no Brasil, acima da marca recomendada pelo Banco Mundial como porto de boa performance.
As ferrovias: Não aumentou-se a malha depois das privatizações, investiu-se em locomotivas e vagões, pois aumenta-se o faturamento no curto prazo, enquanto que construir 1 quilômetro de trilhos custa caro e leva tempo. Ou seja, o mercado por si só não é o remédio milagroso para a solução deste 'gargalo'. Alô ANTT (agência reguladora que fiscaliza as concessões públicas).
E as rodovias, já estamos mais acostumados a discuti-las, afinal, até como cidadãos as usamos e as conhecemos bem. Os espanhóis agora é que estão mostando que os pedágios e o modelo anterior era uma farsa: caro, aos pedaços, desconectados do todo nacional. É trecho bom ligado no péssimo, depois o regular, depois o caro, depois o 'grátis', e assim vai a carga e o repetido como papagaio: 'custo Brasil'.
Então, como terminal portuário é aquele lugar onde todos os problemas da cadeia logística termina, a culpa acaba recaindo nos portos, em geral.
E o pior: agora nasce uma geração de 'especialistas em logística' de última hora. Qualquer mané é metido a entendido no tema. Conheço muitos!
Mas, para nossa felicidade, tem uma safra de jovens executivos chegando no mercado com muita competência, com faculdades investindo pesado em capacitações nesta área.
No Porto de Paranaguá, uma coisa temos certeza: não é, gargalo logístico pois aumentou sua movimentação em 40% entre 2002 e 2008, apesar dos 'papagaios' repetirem indefinidamente o contrário. Esta aves deveriam olhar o todo logístico e cada unidade custo inerente a cada etapa do processa, e não apenas onde ele termina: no terminal do porto.