23 de ago. de 2008

Produtividade na gestão portuária: Temos que fazer a lição de casa

Title: Port management productivity: we need to make home work

A fórmula clássica de PRODUTIVIDADE é o resultado da divisão dos OUTPUTS (saídas) pelos INPUTS (entradas). Isto é, a relação dos resultados obtidos de um processo com os recursos utilizados.

Resumindo: PRODUTIVIDADE = OUTPUTS / INPUTS

O Banco Mundial tem alguns indicadores de performance de portos, por tipo de operação, por empregos diretos e indiretos, produtividade cais, e muitos outros aspectos. Não temos ainda uma cultura de medição de indicadores, de trabalhar com benchmarks. Como dizia o velho guru da administração Peter Drücker: “Não há administração se controle.”, portanto, qualquer administração portuária que se preze deve ter seus indicadores de produtividade, perfomance em vários aspectos e compará-los com as boas práticas no que se faz em logística portuária nas várias partes do mundo.


Vamos ver alguns números:


Nº de funcionários diretos na administração do porto (autoridade portuária): 100.000 toneladas por funcionário (Rotterdam). Vejamos o porto de Paranaguá como exemplo: Em 2008 movimentará cerca de 40 milhões de toneladas, e neste conceito deveria ter no máximo 400 funcionários; tem 650. Santos movimentará 80 milhões, teoricamente 800 funcionários; tem 1.300. Ou seja, as opções são: ou aumenta-se a movimentação ou reduz-se pessoal. Paranaguá optou pela primeira.


Movimentação de cargas por metro de cais: acima de 10.000 toneladas/ano é considerado alta performance; Paranaguá tem 3.500 metros de cais nos seus terminais, o que significa que com 40 milhões ton/2008 terá uma produtividade de mais 11.400 ton/metro de cais; Santos fará a metade disso com seus 13.000 metros. Ou seja, tamanho tem que ser proporcional ao desempenho, senão é sinal que algo está errado na configuração do porto;


Terminais de contêineres: movimentação de 35 a 50 movimentos por hora. Isto significa que o terminal tem embarcar ou desembarcar um contêiner em no mínimo 1 ½ minuto. São poucos os brasileiros que atingem este desempenho;




Geração de empregos indiretos na comunidade portuária, em atividades relacionadas com a logística e serviços do porto:
- Se utilizarmos o benchmark Porto de Rotterdam, teremos 25.000 empregos para 300 milhões de toneladas/ano. Isto significa que cada 12.000 tons movimentadas geram um emprego;
- Se usarmos o padrão dos portos franceses (25), teremos 35.000 empregos para uma movimentação de 275 milhões de tons/ano ou, cerca de 7.800 toneladas para um emprego;
_ Considerando o benchmark francês, a movimentação de Paranaguá geraria atualmente mais de 5.100 empregos na operação, o que é o que ocorre de fato.

Portanto, a gestão chegou pra ficar nos portos brasileiros, e não há como fugir do processo, pois a eficiência das estruturas globais estão sendo dia-a-dia esticadas até o limite de rompimento, e quem não tiver elasticidade e flexibilidade organizacional, quebrará como um palito. Voltaremos com este tema nos próximos artigos.