Quero no primeiro post de 2009 iniciar com o tema “solidariedade”, e de preferência falando do programa social PORTO SOLIDÁRIO, que os portos paranaenses implementaram desde a tragédia recente ocorrida pelas enchentes de Santa Catarina que paralizaram o porto de Itajaí.
Equipe social da APPA fazendo a entrega simbólica das doações.
A boa notícia foi que neste final de 2008 os trabalhadores portuários avulsos (TPAs) de Itajaí receberam um presente de Natal dos Portos do Paraná. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) fez a entrega da primeira remessa de colchões que foram comprados com verbas do programa social. Ao todo, foram entregues 350 colchões de solteiro. Nos próximos dias, será feita a entrega de outros 150 colchões de solteiro, 200 de casal, além de 900 travesseiros. Para quem perdeu quase tudo com a enchente e ainda está sem trabalho, os colchões doados chegaram em boa hora. É o caso do estivador Amaro José Pereira. Há 30 anos trabalhando no porto de Itajaí, Pereira está sem trabalhar a um mês. “Trabalhamos em regime de revezamento e sempre trabalhei todos os dias, em épocas de grande movimento, até duas vezes ao dia. Agora estou parado por todo este tempo”, lamenta.
O TPA Pereira mostrando o nível da enchente dentro de sua casa.
A situação se agrava porque são seis pessoas em casa que dependem diretamente da renda do estivador. Mas passados alguns dias da enchente – que inundou a casa de Pereira até a altura de 1,20 metros – a família tenta se reestruturar. “Conseguimos levantar muita coisa, para evitar a perda total, mas nem tudo foi salvo. O guarda-roupa das crianças não presta mais e tivemos que improvisar um armário até ser possível comprar outro”, conta. Mas o dia 26 de novembro vai ficar para sempre marcado na memória dos Pereira. É que a filha do estivador, Edicléia Fernandes Pereira, entrou em trabalho de parto exatamente no dia da enchente. Ela teve que sair de casa com a água cobrindo a barriga amparada pela mãe. A ida até o hospital aconteceu de lancha, com a ajuda do Corpo de Bombeiros. E hoje, dormindo tranqüila na casa que ainda traz nas paredes a marca da água, está Maria Grabriely. “O importante é que no final tudo deu certo”, diz Edicléia.
Quem viu a tragédia de perto tenta ver o lado positivo das coisas, numa tentativa de minimizar os efeitos da enchente, e ainda encontra tempo para ser solidário. Quando recebeu o colchão que está sendo entregue aos cadastrados pela Intersindical de Itajaí, Pereira agradeceu a doação, mas já tem destino certo para o colchão. “A nossa situação é difícil, estamos utilizando as economias para sobreviver enquanto o trabalho não aparece. Mas a minha vizinha aqui da frente perdeu tudo que estava em casa, não sobrou nada. Ela está precisando mais do que a gente e por isso vamos dar este colchão para ela”, conta Pereira. Cadastro - A Intersindical de Itajaí fez o cadastramento de todos os Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs) que perderam quase tudo com a enchente e que precisam de ajuda. Os registros estão centralizados na sede da Estiva em Itajaí e, até agora, já foram cadastradas cerca de 500 famílias, somando duas mil pessoas. Cada cadastro traz as necessidades principais de cada família e a demanda está sendo atendida à medida que as doações vão chegando. Todos os donativos comprados pela APPA através do programa social são entregues à Intersindical, que é responsável por repassar aos TPAs.