1 de out. de 2009

Navio oceanográfico alemão escolhe os portos de Paranagá e Antonina no Atlântico Sul

Porto de Paranaguá pode se tornar escala de navio alemão de pesquisa oceanográfica
O navio oceanográfico “Maria S. Marien” pode ter os portos do Paraná com base logística para suas pesquisas no Atlântico Sul e Antártica. Esse foi um dos temas das conversas dos cientistas alemães com a superintendência da APPA.


O navio oceanográfico Maria S. Merian

Batizado em homenagem a naturalista alemã Maria Sybilla Merian, o navio tem mais três mais três da mesma classe e construídos nos estaleiros de Gdansk, Polônia, estando em serviço desde 2006.

Sua construção foi financiada pelo governo alemão e destinado ao Instituto de Pesquisa para o Mar Báltico, em Warnemünde, e tem o porto de Rostok como sua base. Está disponível para outros centros de pesquisa da Alemanha, desenvolvendo estudos científicos desde o Ártico, Corrente do Golfo e o fundo do mar em até 10.000 metros de profundidade.

O Maria S. Marien é tripulado por 21 homens e pode acomodar até 22 cientistas. Equipado com diversos laboratórios, tem espaço para abrigar mais 150 toneladas de equipamentos científicos acondicionados em contêineres, propiciando maior flexibilidade no desenvolvimento de pesquisas.


Pesquisadores alemães do Instituto de Oceanografia da Universidade de Hamburgo estudam a possibilidade de usar o Porto de Paranaguá como um dos locais de escala de seus navios de investigação marinha. O governo da Alemanha e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) vêm trabalhando em conjunto há três anos, quando foi iniciado em Paranaguá um projeto-piloto de manejo sustentável de portos – resultado de convênio de cooperação entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério de Educação e Pesquisa, da Alemanha.

“A Alemanha faz pesquisa em várias regiões do mundo. Como existe esse contato muito bom com o Porto de Paranaguá, que nós estabelecemos através do projeto, a idéia do ministério alemão é que as embarcações, que fazem pesquisa no Sul do Brasil e outros países da América Latina, possam aproveitar o Porto de Paranaguá para atracar, fazer troca de equipes, colocar novo grupo de cientistas que viriam da Alemanha para cá para participar dessas pesquisas científicas”, explicou o diretor do Centro de Pesquisas e Tecnologias Costeiras da Universidade de Kiel, Alemanha, Roberto Mayerle.


O cientista Roberto Mayerle

O brasileiro radicado na Alemanha acompanhou a comitiva de pesquisadores em visita ao Porto de Paranaguá. O superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, acredita que essa aproximação com os pesquisadores pode ser produtiva para trazer mais conhecimento científico aos portos do Paraná. “Nós estamos oferecendo toda infraestrutura do porto para receber escalas de navios de pesquisa, liberando qualquer tarifa, taxa, despesa, dando todo suporte da nossa infraestrutura portuária porque nesse caso não se trata de relações comerciais, trata-se de cooperações científicas e transferências tecnológicas de conhecimento de gestão ambiental, em especial, gestão ambiental portuária”, afirmou. Souza lembrou que os portos paranaenses estão bem equipados para colocar em prática eventuais planos de contingência ambiental por meio do Clube de Serviços de Meio Ambiente, mas isso não descarta a necessidade e importância de ter um banco de dados científico atualizado sobre as condições das baías de Paranaguá e Antonina, que formam um dos maiores estuários lagunares do mundo.

“Hoje nós temos tecnologia e conhecimento científico para atuar na economia sem impactar, sem criarmos danos ao meio ambiente. Estamos comprometidos com essas ações”, acrescentou o superintendente, que aguardará a proposta formal dos projetos de cooperação para levá-las ao conhecimento do governador Roberto Requião.

PROJETO DESPORT – O pesquisador Roberto Mayerle antecipou que, o grupo de alemães e brasileiros, que atuou no Projeto Desport – de manejo sustentável de portos –, está avaliando os resultados desse trabalho para verificar a possibilidade de dar continuidade aos estudos no Brasil. Uma eventual segunda fase seria implementada a partir de 2010.

O Projeto Desport vem acontecendo há três anos subsidiado com recursos dos governos alemão e brasileiro, parceiros em diferentes projetos de cooperação científica. O objetivo do trabalho foi o de diagnosticar os problemas de impacto ambiental inerentes à atividade portuária e buscar soluções para o manejo sustentável.
Mayerle explicou que a partir de um levantamento detalhado, com medições de campo no Porto de Paranaguá, foi criado um “modelo de simulação numérica” para definir padrões de monitoramento ambiental a ser usado, por exemplo, em programas de dragagem e situações de acidentes ambientais. Uma das preocupações, no caso específico de Paranaguá, foi avaliar a qualidade da água. “Chegamos à conclusão de que o maior poluente não é o porto e sim a cidade”, apontou o pesquisador.

O principal impacto seria o lançamento de esgoto doméstico nos rios que desembocam na Baía de Paranaguá sem tratamento. Já os efluentes coletados na faixa portuária são devidamente tratados. A idéia, segundo Mayerle, é que o modelo de manejo sustentável criado com base nos estudos realizados em Paranaguá e no Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, seja aplicável a todos os portos brasileiros.