12 de abr. de 2010

Dragagem de aprofundamento do Porto de Santos

Title: Port of Santos deeping dregdging

O tema dragagem é recorrente nos portos brasileiros. É como se fosse moda. Os neófitos em logística portuária passam a repetir incessantemente o tema sem maiores reflexões ou conhecimentos.

Estuário do Porto de Santos foto de satélite.

Vejamos o caso de Santos conforme editorial do site PORTO GENTE, que aborda de forma sintética uma questão fundamental: apenas aprofundar não resolve o total do problema. São necessárias outras obras, como aprofundamento das paredes do cais para aprofundá-los. Não basta o navio entrar no porto, é necessário acostar no cais e operar.

Daí a pergunta: "Mas se o cais só tem 8 metros de profundidade, adianta aprofundar o canal principal para 15 metros? E a quem cabe dragar os berços nos portos já privatizados, o governo ou os empresários arrendatários dos terminais?"

Vejamos a matéria do PORTO GENTE:


• Editorial
Obra vital
Texto publicado em 06 de Abril de 2010 - 03h59 http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=28579

Não há como negar que um porto só é viável se a carga e o navio conseguirem chegar até ele. E que, definitivamente, tudo gira em torno dessa premissa. O caminho da carga ao porto prevê bons acessos viários, tanto por rodovia, ferrovia ou sistema aquaviário. O trânsito do navio até o porto pressupõe o acesso marítimo livre de quaisquer obstáculos.

Pois bem, isso é o que deveria ser. Porque na prática não é bem isso o que ocorre nos principais portos brasileiros.


Ilustração produzida pelo PORTO GENTE aludindo a "proibição" de atracar em berços rasos.


A questão dos acessos aos portos continua sendo preocupante, como revelou levantamento deste PortoGente sobre as prioridades para o Programa de Aceleração do Crescimento-2 (o PAC-2), recentemente lançado pelo governo federal. Leitores de todo o Brasil se queixam dos acessos e fazem disso a bandeira das prioridades que deveria conter o novo programa.
O Porto de Santos é o baluarte dessas necessidades.

É verdade que o acesso rodoviário está agora mais facilitado com a entrega do trecho Sul do Rodoanel, o que permite melhor tráfego de caminhões com carga das zonas de produção para o Porto de Santos, embora faltem ainda melhores controles de acessos em estradas vicinais e existam picos de congestionamento em algumas estradas já saturadas.

Mas, está por um fio o projeto da dragagem de aprofundamento porque simplesmente ainda não houve uma definição vital para a obra: a quem compete a dragagem entre o canal de acesso e o píer de atracação dos terminais? Ao Governo Federal? Às empresas?

É evidente que um navio que tenha liberdade de acessar o porto por um canal com 15 metros de profundidade jamais poderá chegar ao terminal onde a profundidade é de 8 metros...

Como o governo optou por iniciar a dragagem de aprofundamento a partir da Barra de Santos, em direção ao estuário, com o mapeament
o sucessivo de trechos, torna-se improdutiva essa fundura se não houver o devido acompanhamento da profundidade entre o meio do canal dragado e o cais de atracação.

O fato já preocupa as empresas que operam os terminais.

Não é possível imaginar que esse fator de concomitância não tenha sido previsto nos estudos e nos contratos de dragagem. Mas é isso o que parece ter ocorrido.

Agora que o ministro Pedro Brito decidiu permanecer no cargo, compete à sua pasta e à Autoridade Portuária desfazer o nó que se anuncia. Sob o risco de se ter um porto de acesso formidável que não dê a lugar nenhum...
Porto de Santos: visão do trabalho à noite.

Reproduzimos esta matéria do PORTO GENTE com vistas a fazer um paralelo com Paranaguá cuja obra de remodelação do cais permitirá o aprofundamento para 14,50 metros dos berços.

A eterna discussão "tem que dragar" é reducionista demais para as dicussões mais sérias sobre o tema portuário.

Os portos querem dragar, mas e os órgãos ambientais têm colaborado no licenciamento? E as relações IBAMA com os seus colegas estaduais permitem tais licenciamentos em todo o país ou em apenas "alguns" estados da mesma Federação?

Mas isto fica para uma próxima discussão.