O jornal GAZETA DO POVO em sua edição de 16 de maio de 2010, confirmou que a safra 2010 gerenciada pela APPA na gestão do então Superintendente Daniel Lúcio O. de Souza foi de: MAIOR em volume, MENOS FILAS de caminhões e com MAIS CHUVAS no período.
Isto prova que a questão é gerencial, como mostraremos em matéria técnica que estamos elaborando. Mas, vamos à matéria e análises do competente Engº Nilson Ranke Camargo da FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná:
Volume de soja e farelo exportados pelo terminal paranaense caiu 10,9% na comparação do primeiro quadrimestre de 2011 e 2010. A quantidade de chuva, principal causa de inoperância apontada pela Appa, não aumentou no período
Apesar de manter a liderança como maior porto exportador graneleiro do país, o volume de soja exportado pelo Porto de Paranaguá no primeiro quadrimestre de 2011 apresentou redução de 10,9% na comparação com o mesmo período de 2010. As quedas de volume ocorreram tanto na soja em grão quanto no farelo, apontam dados da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
De acordo com o órgão, essa retração foi causada pela grande incidência de chuvas nos meses de fevereiro e março, porém o volume de chuvas no período de 1º de março a 11 de maio, quando a movimentação no porto cresceu, foi quase 5% menor. Nesse mesmo período, a ocorrência de fila de caminhões na rodovia que segue ao porto cresceu 27,5%.
De acordo com o órgão, essa retração foi causada pela grande incidência de chuvas nos meses de fevereiro e março, porém o volume de chuvas no período de 1º de março a 11 de maio, quando a movimentação no porto cresceu, foi quase 5% menor. Nesse mesmo período, a ocorrência de fila de caminhões na rodovia que segue ao porto cresceu 27,5%.
O terminal também registrou queda nas exportações de soja e farelo na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2011 e 2010, com base no volume total exportado pelo país, de acordo com dados da balança comercial do agronegócio brasileiro, divulgados pelo Ministério da Agricultura.
No caso da soja, em 2010 cerca de 24% da produção nacional foi exportada pelo porto paranaense contra 23% em 2011. Com o farelo, a queda foi maior: de 44% do total exportado pelo país em 2010 para 36% neste ano.
Para Nilson Ranke Camargo, engenheiro agrônomo do departamento técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a redução no volume de soja exportada em 2011 é um fenômeno isolado e não deve ser interpretado como tendência. “Quando iniciamos o processo de exportação e já tínhamos uma demanda grande para ser remetida pra Paranaguá, houve o problema da chuva [na primeira quinzena de março] que afetou as estradas e a carga ficou retida”, analisa.
Entre janeiro e abril de 2011, foram exportados 1,9 milhão de toneladas de soja e 1,4 milhão de toneladas de farelo, contra 2,1 milhões de toneladas de soja e 1,6 milhão de toneladas de farelo em 2010. Em abril, foi encaminhado 1,1 milhão de toneladas de soja pelo terminal, o maior volume registrado em um único mês na história do porto.
Entre janeiro e abril de 2011, foram exportados 1,9 milhão de toneladas de soja e 1,4 milhão de toneladas de farelo, contra 2,1 milhões de toneladas de soja e 1,6 milhão de toneladas de farelo em 2010. Em abril, foi encaminhado 1,1 milhão de toneladas de soja pelo terminal, o maior volume registrado em um único mês na história do porto.
Apesar dos resultados inferiores ao de 2010 no quadrimestre, a expectativa da Appa é de que a movimentação de granéis pelos portos paranaenses cresça entre 10% e 15% neste ano.
Chuva
Segundo a Appa, a chuva é a principal causadora da redução no nível de exportação. No entanto, um levantamento feito com base na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Paranaguá revela que no período entre 1º de março e 11 de maio – quando o volume de carga exportada cresceu – o número de dias com chuva foi igual em 2010 e 2011 e ainda houve uma redução no volume de precipitação. Nos dois anos, o órgão registrou 43 dias chuvosos no período. Em 2010, o volume foi de 797,2 mm contra 759,3 mm neste ano.
Camargo acredita que, se não fosse o problema causado pela chuva, que deixou a BR-277 totalmente interditada por quase três dias, o volume de soja exportado seria maior. “Manteríamos a média de 2010 ou exportaríamos mais. Esse ano, em função da melhora do preço da soja em relação ao ano passado e como o produtor tem um prazo para colocar a carga no porto a partir do momento em que ele negocia a entrega, o prazo de movimentação deve ser estendido, o que faz com que a exportação continue por um período maior”, explica.
Transporte
A formação da fila de caminhões nas rodovias que levam ao porto no período da safra é um problema recorrente do terminal paranaense. Segundo a Appa, cerca de 70% da carga que chega ao terminal de Paranaguá vem de caminhão. Com o atraso no embarque das mercadorias por causa da chuva, em maio, o terminal ainda atendia os contratos relativos ao mês de março.
Os veículos sem cadastro que chegam ao pátio de triagem também contribuem para a formação de filas. O terminal conta com um sistema, chamado Carga Online, que faz o gerenciamento do fluxo logístico dos veículos até o porto. As cargas só são liberadas quando existe local disponível em armazém para receber o produto e navio nominado para receber a carga.
Em 73 dias em 2011, no período de 1º de março a 11 de maio, a Ecovia, concessionária de pedágio que administra a BR-277 entre Curitiba e Paranaguá, registrou a formação de filas de caminhões no acostamento da BR-277 em 51 dias, o que representa uma ocorrência de 69%. Na comparação com 2010, houve aumento, já que no mesmo período do ano passado, a Ecovia registrou filas em 40 dias. A diferença é que nos últimos anos, as filas eram mais curtas e se concentravam na região de Paranaguá, entre os quilômetros 3 e 20 principalmente, e não chegavam até a região da BR-116 no Contorno Leste.
Segundo dados da Ecovia, a quantidade de caminhões que circulam nos dois sentidos da rodovia nos meses de abril e março sofreu pouca alteração em três anos. Em 2009, foi registrada a passagem de 280 mil caminhões em dois meses, contra 296 mil em 2010 e 292 mil em 2011. A concessionária registrou aumento no tráfego de caminhões na comparação dos primeiros 11 dias de maio de 2010 e 2011. Neste ano, houve um crescimento de 30%, passando de 48 mil caminhões em 2010 para 63 mil em 2011.
Segunda a Appa, o fechamento de um dos terminais privados do Corredor de Exportação também influencia a formação de filas. O terminal, que tem capacidade para estocagem de 100 mil toneladas, está fechado por problemas alfandegários com a Receita Federal, o que prejudica a capacidade estática de armazenagem do porto, que é de 1,4 milhão de toneladas.
Alternativa
Para Laudio Luiz Sober, diretor da Transvale e do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), o número de caminhões que seguiram para Paranaguá diminuiu sensivelmente este ano em relação a 2010. “Desviamos os caminhões para outras regiões, como São Paulo e Mato Grosso. Além disso, muito do produto foi destinado para atender o consumo interno e acabamos transportando para armazéns dentro do estado”, explica.
Os portos de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e de Santos, em São Paulo, são os principais terminais que recebem as cargas de soja que seriam destinadas a Paranaguá. Para Camargo, o caso mais grave de transferência de carga ocorreu no início da década, quando o terminal paranaense deixou de exportar a soja transgênica. Neste período, os dois portos foram as alternativas encontradas para escoamento e muitos produtores fizeram instalações nestes locais.
Solução
A melhoria na infraestrutura do porto é apontada como fundamental para a mudança no quadro da exportação. Para Camargo, o aumento de profundidade no canal de acesso dos navios, que não precisam diminuir a capacidade de carga para sair, já é um avanço. Ele também cita as dragagens de manutenção que aumentaram a profundidade nos berços de atracação como uma solução emergencial que surtiu resultado.
Para ele, além de aumentar a capacidade de escoamento com mais berços, é fundamental a melhoria nos equipamentos usados para o embarque, como os ship loaders. “A produtividade do porto é baixa. Os equipamentos são muito antigos e nunca foram substituídos”, avalia. Além disso, é preciso reverter a inoperância do porto em dias de chuva. Segundo Camargo, a Faep estuda um projeto para a cobertura dos porões dos navios, o que permitiria o embarque em dias chuvosos.
Fonte: GAZETA ON LINE, reportagem de Fernanda Trisotto 14/05/2011 00:03
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1125703
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