13 de jul. de 2011

Portos velhos e novos: frustrações e oportunidades

Afinal, o velho e decantado “turismo” é um jargão político velho e gasto que é até chato ficar escutando os “especialistas” discursarem em palestras.

Vamos falar a verdade: o turismo no litoral do Paraná e norte de Santa Catarina não se sustenta fora do verão. A temporada de veraneio é curta, intensa, oportunista e deixa muito pouco para uma população residente crescente tanto em Guaratuba, como Pontal do Paraná, Morretes, Antonina, Paranaguá e Itapoá.

Daí a importância dos portos da região e seu desenvolvimento sustentado e organizado para dar permanência e continuidade à renda da região.

Porto de Itapoá

Vamos falar de Itapoá, que tem cara de mais paranaense do que catarinense: lá o porto iniciou suas primeiras operações e tenderão a crescer, se transformando no hubport (porto de conexão) da Hambug Süd, Aliança e outras empresas de navegação.

O “gargalo” ainda é o acesso rodoviário em construção, tentando superar travas ambientais, mas as informações são otimistas, o que abrirá oportunidades para guaratubanos e garuvenses.

A previsão é de que “roube” 20% da movimentação de contêineres de Paranaguá e Itajaí, isto daria uns 250.000 TEU (unidade de medição equivalente a 1 contêiner de 20 pés), o que é por si só algo elevado e importante.

Resolvendo a questão da nova estrada direta ao porto, deslanchará!

Portos em Pontal do Sul

Já escrevi (http://www.correiodolitoral.com/) matéria sobre as licenças ambientais portuárias, que impactam os projetos futuros para a região do Pontal: empresas como Sub Sea7, Techint e Porto Pontal estão com “a mão na taça”, mas ainda não podem levantá-la por ainda não terem as respectivas licenças.

Mas isto será superado nos próximos meses e as obras começarão e abrirão um ciclo virtuoso de trabalho e geração de renda para aquela região, que beneficiará “o pessoal da praia antes do ferry-boat”, ou seja: gente de Matinhos, Caiobá, Praia de Leste e Paranaguá sem dúvida terão oportunidades de trabalho, sem falar do comércio regional que dará um salto e será continuado em um ritmo superior.

Porto de Paranaguá: cargas x turismo

No tema de cargas, nosso maior porto já tem licença prévia do Ibama para que se construa mais 315 metros de cais para contêineres, a ser realizado e pago pelo TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá S/A), dirigido pelo competente amigo Juarez Moraes e Silva.

Como a manobra de um navio é lenta, o mesmo ocorre com as mudanças em portos, mas depois que a manobra começa é difícil parar!

O problema de Paranaguá é a retro-área, já em esgotamento por falta de áreas com liberação ambiental e as vias de acesso em péssimo estado.

Deixei na Secretaria de Portos no início de 2010 o projeto do município para incluir nas obras do PAC-2 uma grande obra, que é a duplicação da principal via de acesso ao porto com ruas urbanas marginais, trincheiras e ciclovias. Não sei se meus sucessores estão dando continuidade, mas é vital para o porto.

Na questão do turismo, deixei também protocolado na Secretaria de Portos em Brasília, o projeto do Terminal de Navios de Passageiros, desenvolvido pelo município com a participação da Capitania dos Portos na época do comandante Rios. Com recursos do PAC-2 e agora com o “clima da Copa do Mundo 2014” pode ser que a coisa ande, embora a questão ambiental novamente possa ser uma trava.

Este terminal turístico, longe das cargas pesadas e da poeira do porto, pode mudar a cara da cidade e trazer em definitivo um equipamento turístico para Paranaguá de grande impacto.

Porto de Antonina: a realidade e o patrimônio paisagístico

A notícia que o Iphan ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) “tombou Antonina” tem dois lados: o ótimo e o duvidoso!

O ótimo é a conservação daquele casario colonial maravilhoso, que pode colocar Antonina no caminho de se tornar uma Paraty se bem administrada para explorar esse nicho turístico.

O duvidoso: tombou-se inclusive a paisagem do entorno da cidade, o que me preocupa. Já sei de um empreendimento naval que já foi “pras cucuias”. Ou seja, um empresário que comprou áreas de frente à baía de Antonina e outro grupo que sondou a aquisição do velho porto Matarazzo para transformá-lo em estaleiro. Esta atividade é de uso intensivo de mão de obra, propiciaria muito emprego.

Como o Iphan vai concordar com esses empreendimentos no contexto genérico “paisagístico”?

Qualquer um poderá criar obstáculos a dizer: “Não! Essa obra não pode porque vai alterar aquela bela paisagem!”. Pronto, está feita a encrenca e o investimento e os empregos não virão.

Mas o Terminal da Ponta do Félix vai muito bem, com uma média de 15 navios por mês e houve até concurso para mais estivadores para o porto. Apanhei muito e fui acusado de muitas bobagens, mas hoje novo porto de Antonina vai de “vento em popa!”