12 de jan. de 2012

Turistas “go home”!: Como o caos na infraestrutura viária trava o desenvolvimento turístico

Lembram-se daquele chavão esquerdista antiamericano do tempo da Guerra Fria que dizia: “Yankees Go Home!”.

Pois é, transitando neste início de temporada pelo nosso litoral paranaense desde Pontal a Matinhos e Caiobá e acompanhando diariamente as notícias do nosso Correio do Litoral mostrando as mazelas de gestão pública para a região, fico imaginando que estamos gritando nos ouvidos dos turistas que visitam nossas praias: “Turistas voltem pra suas casas!”.
O curto litoral do Paraná tem cerca de 90 km.
Estava lendo o aqui no jornal desabafo de um paranaense de Cascavel, indignado com o trânsito caótico que enfrentou nas estradas das praias e depois as ironias do serviço de informação da concessionária no da BR-277, a Ecovia.

Então, não tenhamos ilusões, este paranaense do Oeste não retornará a fazer turismo no SEU litoral tão cedo, e mais ainda, já declarou que dirá aos amigos os dissabores que sofreu nas suas férias.

Vamos fazer um rápido diagnóstico:

O principal acesso ao litoral do Paraná é pela rodovia BR-277, pedagiada e responsável pelas demais rodovias estaduais da região, ou seja, o governo e a sociedade dependem da vontade e das cláusulas contratuais do contrato de concessão;

A rodovia Garuva-Guaratuba é bi estadual e está no seu limite e tem influência localizada, e cada vez mais exigida pelo novo porto em Itapoá-SC, que já está ‘bombando’, sem contar que o novo acesso à Guaratuba já começa a ser estrangulado pelo descontrole da ocupação urbana e as famigeradas lombadas, falta de calçadas e ciclovias: caos premeditado;

Se o turista ao sair da rodovia BR-277 e entrar na Alexandra-Matinhos-Caiobá, vai ter uma boa visão e fluxo tranquilo até a entrada da cidade praiana, aí começa o mesmo cardápio da ignorância urbana brasileira: falta de calçadas, de ciclovias, de passarelas para pedestres e... dá-lhe freio no tráfego com a mais abominável invenção pela engenharia rodoviária: a lombada!

Acidentes e mortes: A infraestrutura caótica colabora com as tragédias. 

Essas travas propositais vão até a porta da casa ou hotel do turista em Matinhos e Caiobá. O fluxo do trânsito? Ah! Não vamos falar desse assunto chato...

Mas se o turista resolver ir pela “velha estrada das praias”, via Paranaguá-Praia de Leste? Pior! Já ao sair da BR-277 o motorista dá de cara com a costumeira transformação de uma rodovia estadual em uma “avenida urbana” apropriada irregularmente pelo município através de ruas que desembocam diretamente no fluxo rodoviário, causando mortes, acidentes graves, travamento do trânsito e o velho mantra nacional: falta de calçadas, passarelas, viadutos, ciclovias e... lombadas à vontade! Uns cinco quilômetros iniciais neste caos afegão e que recomeça em Praia de Leste: quase uma “terra de ninguém”. Afinal, quem cuida disso tudo? Ecovia, prefeituras, DER? As perguntas se repetem por todos os pontos rodoviários do litoral...

É o que há anos acontece de forma caótica e descontrolada na rodovia estadual entre Praia de Leste e Pontal do Sul. São 20 quilômetros de descaso público, de lombadas irritantes que retêm o fluxo de veículos em nome da ‘segurança’ dos pedestres. Ora, uma rodovia é para ligar um ponto a outro, e não pode ser confundida com uma avenida. Vias marginais, trincheiras, viadutos, separação entre tráfego rodoviário-urbano, passarelas, calçadas e ciclovias... é pedir demais?

Mais outra região caótica. Lojas invadiram a faixa de domínio da rodovia, invasões com construções irregulares em terreno público e acostamentos da estrada pública sob os olhos do DER, Ecovia, Ministério Público, prefeitos e vereadores... Quem fecha os olhos e dá apoios velados a estas irregularidades que são causadoras desse caos?

Sejamos francos: Não fomos beneficiados pela natureza com uma faixa de mar exuberantemente bela como nossos vizinhos catarinenses. Mas, poderíamos compensar com nossas competências gerenciais e termos uma atuação pública profissionalmente competente como nossos vizinhos. Não o fazemos e nos omitimos frente o caos instalado e testemunhado pelas matérias e comentários dos leitores do Correio do Litoral.
Ilha do Mel: a "jóia da corôa" do pequeno litoral do Paraná. (foto da Praia de Fora)
Simplesmente estamos gritando em voz alta: “Turistas, vão pra casa... e não voltem mais!”.

Ou a Secretaria de Estado do Turismo se coordena urgentemente com as demais secretarias e municípios para dar um choque de gestão viária pró-turismo no nosso litoral, ou nos transformaremos numa chata e decadente faixa praiana visitada apenas por donos de suas casas de veraneio e habitada por modestos prestadores de serviços e pequenos comércios, enquanto os próprios paranaenses procurarão praias de outros estados mais focados no receptivo profissional e perene.

Choque de infraestrutura viária e turística já! É a minha opinião.

Publicado simultâneamente com minha coluna no jornal eletrônico Correio do Litoral